Ana... na real!: Por que em um blog?

domingo, 6 de setembro de 2009

Por que em um blog?

Surpresa! A reação ao saber que tinha um leitor foi de surpresa! Depois do primeiro "choque", tentei argumentar dizendo que escrevia para mim mesma, na tentativa de me encontrar, me encarar, não para os outros. Surpresa novamente! A resposta do "meu querido Peter" me obrigou a repensar e o texto que se segue é resultado dessa reflexão...

...

Se não escrevo para que os outros leiam, por que escrevo em um blog? Deveria escrever e guardar no computador ou numa gaveta qualquer. Se realmente rejeitasse meus textos ou desejasse esconder o que penso e como penso, não os publicaria ao alcance de um clique. Notei que, mesmo que discreto e até camuflado, o link do blog segue em emails, twitter, orkut... Se não quero ser lida, por que deixei a porta aberta?

Parti do princípio que não convidaria quem quer que fosse para ler o que escrevo, nem meus amigos mais íntimos, e me mantive fiel à esta idéia. Não disparei emails com "leiam meu blog" ou "me diga o que acha". Acreditava que alguém só clicaria naquele link escondidinho se existisse real interesse pelo que penso e se fosse amante do mundo das idéias. Minha fantasia foi essa e embarquei numa liberdade de texto que me faz bem.

Porém, sentindo-me exposta, pensei que o blog estava fadado ao fracasso, que a perda do anonimato me faria recuar. Questionei até que ponto desejo ser conhecida, até que ponto me importo com o que pensam de mim. Pensei se temo ser mal interpretada e julgada... e lembrei que sempre vivi preocupada com isso, focada em ser exemplo e esquecendo do que sou, do quanto gosto da pessoa que me tornei com o passar dos anos.

O resultado é lúcido: Continuarei respeitando meus pensamentos e escrevendo sobre o que trago no coração, independente de ser lida ou não, e pouco importa por quem. Não posso me limitar e nem quero. Mesmo que amanhã não me reconheça no que escrevi, há sim uma razão para tal, há um momento certo para cada linha.

Quero lutar por isso... esta sou eu! A Ana que escreve é a Ana que gostaria de ser 100% do tempo. Sempre foi às letras que desejei me dedicar. Agora que esta certeza carrega meus dias, não desistirei. Ao contrário! E...

...É neste "contrário" é que mora o perigo!

Um telefonema não deveria provocar tanto questionamento, mas foi inevitável. Primeiro, porque é fascinante conversar com quem te estimula o raciocínio, que possui visão crítica da vida e emite uma energia tão positiva e profunda que te faz reagir das trevas em que se encontra por total falta de tempo de ser você. Segundo, porque despertei como mágica para a idéia adolescente de ser escritora, de viver uma história tranquila, junto à natureza, numa cabana rodeada de verde, tendo como trilha sonora o som das águas desenhando seu caminho nas pedras... desenvolvendo a mente para coisas profundas e grandiosas, até alimentando a vontade de mudar o mundo... sendo feliz na simplicidade que sempre acreditei e que perdi na correria maluca dos dias...

Será que a idéia era tão adolescente assim?

Tenho dois livros, literalmente guardados na gaveta, escritos à mão, em cadernos de escola. Um deles é mais especial, nascido dos meus 17 anos, e esses dias me lembrei que a personagem principal é uma escritora, amante da natureza e dos esportes de aventura, mãe, esposa, sonhadora. Não era o meu próprio sonho? Onde o perdi?

Hoje sai da rotina, viajei alguns poucos quilômetros e parei... tudo que precisava para responder algumas perguntas que me cobram atitude. Estava num lugar de ar perfumado e leve, com cheiro de eucalipto e mato molhado, uma paisagem tranquila, um lago de um azul que se impunha ao céu cinza e chuvoso. Poucos segundos foram suficientes para pensar: Atrás do que ando correndo? Exatamente por que anestesio minha mente com tantas atividades que não me fazem feliz? Abri mão do ócio criativo, da reflexão, do mergulhar em mim, do contato com Deus e com a natureza, trocando tudo isso por um ritmo sem freio, atrás de quê? Fico pensando porque resolvi me esconder durante 4 anos...

Quando você escolhe agir como os outros, acredita que vão te aceitar por isso. Mesmo sendo tão crítica desde criança e acreditando que o diferente é bom, vivi uma crise pessoal que me fez querer ser igual, para não assustar, eu acho. Só que não adiantou. Assusto sim! Sou diferente. Não deveria ter vergonha disso.

Não quero esse padrão de vida que me aprisionou. Minhas necessidades são simples demais e nelas vejo beleza. Trabalho é honra, é valor, mas não deve manipular a nossa vida. Amo trabalhar, sou fascinada por produzir e alcançar resultados posivitos. Sou do tipo que dá tudo de si numa missão, mas meu trabalho não é mais missão e é preciso coragem para admitir isso. Sou apaixonada por tudo que faço e quero viver assim até o final dos meus dias. Quando o trabalho vira um martírio e uma coleção de decepções - com os resultados, com as solicitações e com o sistema -, é hora de parar e mudar. O trabalho deve dar prazer, estímulo, desafio, conforto e segurança, e deve estar numa escala de prioridade abaixo do amor, da família e da saúde. Nunca antes deles.

O que farei? Mudar.

Mudar por mim, pela minha saúde psicológica e física, pelas pessoas que amo, pela minha missão de vida. É isso que vou fazer.

Um comentário:

  1. Cara bacana esse tal de Peter... fazer brotar tantas filosofias da cachola com uma ligação! Ele deveria trabalhar no CVV. Quando eu crescer quero se assim...

    Beijocas e três vivas pelos sempre deliciosos posts,

    Ale

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