Ana... na real!: Mentiras

domingo, 27 de setembro de 2009

Mentiras

Quando menos esperava o telefone tocou e fui 'transportada'. Uma voz insegura do outro lado me chamava pelo apelido mais querido que já tive... Deveria ser motivo de alegria, mas nada indicava que seria assim.

A conversa durou cerca de vinte minutos e tinha um epicentro: A MENTIRA.

Tentei só ouvir, mas a revolta não me deixou calar! Precisava combater tanta insensatez! Queria tirar, mesmo que à força, a mentira da vida de alguém que escolheu esse caminho e não sabe mais sair dele. Sentiria compaixão por quem quer que fosse, mas não era qualquer um... Sangraria minha alma até arrancar tanto sofrimento de uma das pessoas mais importantes da minha vida... Faria tudo, se adiantasse!

Porém, existia algo de muito bom em todas aquelas palavras perdidas e descontroladas. Existia o reconhecimento do erro, o choque ao admitir a mentira e a fuga. A barreira mais forte estava sendo derrubada com dor e desmoronava, pedra por pedra. Mas... e depois? Como autor da própria vida, cada um descobre o que fazer com as pedras... Isso é pessoal e instransferível. Resta a mim torcer, apoiar e estender a mão quando existir na outra ponta alguém que deseja levantar.

...

Existem inúmeras formas de mentir e infinitas razões para fazê-lo. Cada um busca suas próprias justificativas, mesmo que inconscientemente, de forma a encontrar absolvição. Ninguém quer levar consigo as culpas e muito menos as consequências. A fuga acaba sendo uma idéia razoável. O que esquecemos é que essa roda não pára, uma mentira desaba sob outra, levando ao abismo a vida e os sonhos.

Lembro-me de um filme chamado Efeito Borboleta que me marcou pela mensagem de que mesmo que seja uma pequena atitude refletirá no futuro e pode mudar todo o curso dos fatos. Era ficção, mas trazia verdade. Uma decisão agora abre um leque de novos caminhos, com outras decisões envolvidas, que vão desenhando nossas pegadas na areia. Ao olhar para trás, talvez as marcas nem estejam mais lá, mas nos levaram ao ponto atual e o que importa é o que faremos no próximo passo. Quando se escolhe a mentira, os passos ganham tensão e medo. Não é possível viver livre tendo uma base tão frágil! Uma mentira exige outra para encobrí-la e esse ciclo cessa apenas quando a verdade se impõe. Até que isso aconteça, e é inevitável, muitos são atingidos e feridos.

Considero a pior mentira aquela que contamos para nós mesmos. A mais perigosa e mais profunda. Esta é mais difícil vencer porque penetra no inconsciente de tal forma que nem lembramos mais do que é verdade. Acreditamos na mentira porque é a realidade que desejávamos e não tivemos força para buscá-la. Triste imaginar o desespero que habita em quem odeia o que é e a vida que tem, que se envergonha de existir. É uma doença e exige de tratamento. Ninguém consegue ser feliz se precisa apresentar ao mundo uma história irreal para ser aceito, para que confiem nele, para que o amem e o apoiem. Os sentimentos ficam tão distorcidos que se esquecem de sua essência. O restante não existe! Ninguém quer amar uma ilusão e dedicar sua vida à uma mentira.

...E a simples escolha pelo arrependimento e o desejo de encarar a verdade abre todas as portas e janelas da alma, e devolve a chance de sermos acolhidos com segurança.

A verdade é complexa demais para algumas pessoas, é o caminho estreito. Dizer a verdade implica em encarar a vida e muitas vezes esta não é das mais agradáveis. Exige assumir riscos, colocar-se à prova, expor o que sente e o que quer, e agir diferente do que esperam de você. Parece mais simples omitir, suavizar, jogar a poeira embaixo do tapete. O problema é que o alcance de uma mentira é tão amplo que não se pode imaginar...

Não sou perfeita nem detentora da verdade, sou apenas feliz em não ser boa nisso. Mentir não é meu forte. Qualquer criança enxergaria meu jeito desconsertado. Brinco dizendo que devo ter um luminoso nos olhos, com cores fortes e chamativas, denunciando: ESTOU MENTINDO!

Me preocupo muito com as escolhas... as minhas e as das pessoas que amo. Sei que não sou apenas eu envolvida. Agradeço a Deus por odiar a mentira e por me esforçar para que ela não saia da minha boca, mesmo quando é mais conveniente. Ao contrário, tenho experimentado expor as minhas verdades, sem medo. Além de não optar pela omissão - ninguém pode adivinhar o que sinto. Mostrar quem sou é meu dever! Confesso que não é fácil, só assumo como desafio e sugiro que todos experimentem.

Assim como amar é uma ação, escolher a verdade também é. Ação envolve vontade e atitude. Tenho minha decisão tomada e não abrirei mão dela.

Esse é o meu papel e cada um precisa assumir o seu.

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