Ana... na real!: maio 2010

domingo, 30 de maio de 2010

Aonde quer que eu vá...

Relacionamentos, por Rubem Alves

Sou sempre a favor do frescobol!!!
Espero que curtam o texto como eu... É a inauguração da nova fase no blog... com mais dedicação e inspiração... com poesia, esperança e sonhos realizados...
Boa semana!


"Depois de muito meditar sobre o assunto concluí que os casamentos (relacionamentos) são de dois tipos: Há os casamentos do tipo tênis e há os casamentos do tipo frescobol.

Os casamentos do tipo tênis são uma fonte de raiva e ressentimentos e terminam sempre mal. Os casamentos do tipo frescobol são uma fonte de alegria e têm a chance de ter vida longa.

Explico-me.

Para começar, uma afirmação de Nietzsche com a qual concordo inteiramente.

Dizia ele: “Ao pensar sobre a possibilidade do casamento, cada um deveria se fazer a seguinte pergunta: Você crê que seria capaz de conversar com prazer com esta pessoa até sua velhice”?

Tudo o mais no casamento é transitório, mas as relações que desafiam o tempo são aquelas construídas sobre a arte de conversar.

Sheerazade sabia disso. Sabia que os casamentos baseados nos prazeres da cama são sempre decapitados pela manhã, terminam em separação, pois os prazeres do sexo se esgotam rapidamente, terminam na morte, como no filme “O Império dos Sentidos”. Por isso, quando o sexo já estava morto na cama e o amor não mais se podia dizer através dele, ela o ressuscitava pela magia da palavra: começava uma longa conversa sem fim, que deveria durar mil e uma noites.

O sultão se calava e escutava as suas palavras como se fosse música. A música dos sons ou da palavra - é a sexualidade sob a forma da eternidade: é o amor que ressuscita sempre, depois de morrer. Há os carinhos que se fazem com o corpo e há os carinhos que se fazem com as palavras. E contrariamente ao que pensam os amantes inexperientes, fazer carinho com as palavras não é ficar repetindo o tempo todo: ”Eu te amo...”

Barthes advertia: “Passada a primeira confissão, “eu te amo” não quer dizer mais nada. É na conversa que o nosso verdadeiro corpo se mostra, não em sua nudez anatômica, mas em sua nudez poética”.

Recordo a sabedoria de Adélia Prado: “Erótica é a alma”.

O tênis é um jogo feroz. O seu objetivo é derrotar o adversário. E a sua derrota se revela no seu erro: o outro foi incapaz de devolver a bola. Joga-se tênis para fazer o outro errar. O bom jogador é aquele que tem a exata noção do ponto fraco do seu adversário, e é justamente para aí que ele vai dirigir sua “cortada”, palavra muito sugestiva, que indica o seu objetivo sádico, que é o de cortar, interromper, derrotar. O prazer do tênis se encontra, portanto, justamente no momento em que o jogo não pode mais continuar porque o adversário foi colocado fora de jogo. Termina sempre com a alegria de um e a tristeza de outro.

O frescobol se parece muito com o tênis: dois jogadores, duas raquetes e uma bola. Só que, para o jogo ser bom, é preciso que nenhum dos dois perca. Se a bola veio meio torta, a gente sabe que não foi de propósito e faz o maior esforço do mundo para devolvê-la gostosa, no lugar certo, para que o outro possa pegá-la. Não existe adversário porque não há ninguém a ser derrotado. Aqui, ou os dois ganham ou ninguém ganha. E ninguém fica feliz quando o outro erra, pois o que se deseja é que ninguém erre. E o que errou pede desculpas, e o que provocou o erro se sente culpado. Mas não tem importância: começa-se de novo este delicioso jogo em que ninguém marca pontos...

A bola: são nossas fantasias, irrealidades, sonhos sob a forma de palavras.
Conversar é ficar batendo sonho prá lá, sonho prá cá...

Mas há casais que jogam com os sonhos como se jogassem tênis. Ficam à espera do momento certo para a cortada.

Tênis é assim: recebe-se o sonho do outro para destruí-lo, arrebentá-lo, como bolha de sabão... O que se busca é ter razão e o que se ganha é o distanciamento. Aqui, quem ganha sempre perde.

Já no frescobol é diferente: o sonho do outro é um brinquedo que deve ser preservado, pois se sabe que, se é sonho, é coisa delicada, do coração.

O bom ouvinte é aquele que, ao falar, abre espaços para que as bolhas de sabão do outro voem livres. Bola vai, bola vem - cresce o amor... Ninguém ganha para que os dois ganhem. E se deseja então que o outro viva sempre, eternamente, para que o jogo nunca tenha fim..."

(texto do fantástico Rubem Alves)

Vivam relacionamentos do tipo frescobol... Sejam felizes e façam felizes as pessoas que amam. Aí está a beleza da vida!

domingo, 2 de maio de 2010

Futebol de berço!

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Quando se tem uma mãe como a minha, não há nada capaz de te afastar do futebol, absolutamente nada! Uma das primeiras lembranças que tenho da infância é vê-la de joelhos, gritando e pulando diante de uma telinha antiga, de caixa de madeira, com imagem em preto e branco. Não era novela, filme ou qualquer outra coisa... Era um jogo de futebol da seleção brasileira.

Agora você pode pensar: Ah! Mas pra seleção todo mundo torce!
Pois é... mas não é o caso. Desde que me lembro por gente, a cena se repete praticamente toda semana, exceto no período que os times inventam de deixá-la na mão com umas férias que ela simplesmente não aceita!

A paixão é tamanha que não se limita ao seu time do coração. (Adivinha? Corinthians!) Quer saber sobre QUALQUER time, de QUALQUER lugar ou país? Pergunta pra véinha que ela sabe! Domingo então... nem se fala! É intensivão futebolístico! TV ligada desde cedo, trocando de canal toda hora para assistir pelo menos um pouquinho de todos os jogos, em todas as categorias, mesmo as de base, além de acompanhar todos os programas de esporte que você pode imaginar, até fechar os últimos minutos da noite com os tão esperados programas de comentários. O negócio é tão intenso que os comentaristas são citados em casa como se fossem amigos íntimos da família (Garrafa, Milton Neves - de Guaxupé, como ela -, Neto, e os outros "amiguinhos"...).

De uma coisa eu tenho certeza, assim como o amor à leitura, o amor ao futebol também se ensina.

Sou brasileira em todos os mínimos detalhes, nascida num ano de Copa do Mundo (1978 na Argentina) e filha de uma fanática por futebol, meio torcedora meio técnica. Ou seja, cercada!

Jogar eu não jogo não. Joguei uma única vez, num time patético de meninas, e ainda fiz 2 gols, é mole??? A goleira devia ser péssima! Mas como tenho mania de só fazer o que posso fazer bem, escolhi ficar assistindo mesmo. Isso eu ADORO!

Diante desse contexto, imagina se consigo entender que um homem não goste de futebol?!? Não dá, concorda??? Pra mim, homem que não gosta de futebol é, no mínimo, chato! (os chatos que me perdoem... mas não se entristeçam... tem gosto pra tudo nesse mundo e, certamente, outras mulheres gostam de vocês assim, ok?)

Desde criança, gostava de assistir as "peladas" dos amigos. Tudo bem que geralmente eu era a única menina na torcida, mas era divertido! Sempre achei estranhas as declarações das mulheres que dizem detestar futebol... "Uai... Então não gosta de homem, né?"Não preciso descrever as caras feias que já vi por causa dessa frase, preciso???

Salvo as exceções, futebol faz parte da vida masculina e acho, no mínimo, interessante ver as reações deles diante de um jogo num estádio, por exemplo, ou quando estão jogando, fazem um gol, dedicam a você e veem suados pra dar um beijo de comemoração (impagável, diga-se de passagem). Aquela alegria é gostosa até ver... é contagiante! Gosto de ser respeitada nos detalhes da minha personaliade, então... acho óbvio que é minha parte respeitar as particularidades de quem amo e digo mais, gosto, de verdade, de ver um homem torcendo pro time com o coração, com os olhos estatelados que nem piscam, gosto dos difetentes tipos de euforia e me divirto até com os excessos e os palavrões. E... o estádio? O que é aquilo??? Me diz!!! É energia pura!!! Me pego muitas vezes olhando os torcedores... É fascinante.

É tão bom ser brasileiro... e é tão divertido ser um brasileiro apaixonado por futebol!

O que não gosto é de fanático, do tipo que não vê uma palma na frente da mão porque a "mão" não é a sua. Quem fecha os olhos para a habilidade dos outros times, não gosta de futebol, gosta só do SEU. Fica muito limitado. É impressionante: se o time ganhou, é o melhor do mundo; se perdeu, é culpa do resto do universo, não deles! E quando um time, que não o seu, faz bonito??? É difícil admitir que foram melhores? Não deveria ser.

Futebol é magia, é paixão e só pode ser melhor do que isso quando é também espetáculo, quando jogo deixa de ser jogo e passa a ser show! (essa foi pra você, mor! rs) Aí sim não tem amante do futebol que resista à genialidade de um drible inacreditável ou de um gol que parece mais um ataque do coração!

Hoje o Peixe levou seu merecido título e fez mais do que isso... Devolveu ao nosso futebol o brilho, a alegria e a irreverência (até, às vezes, imaturidade... mas perdoável, vai! rs). Quem falar mal está com INVEJA! O Santos tinha que ganhar porque incendiou estádios e qualquer pessoa na frente de uma telinha de TV, aqui no Brasil ou fora dele. Isso não dá pra esquecer! Só espero que os outros times se animem, se soltem e se toquem que brasileiro gosta disso... Gosta de assistir um jogo com o coração na mão, gritar, pular, chorar, sorrir, ver profissionais tão apaixonados quanto eles jogando com raça, tudo com muita emoção.

Recado dado e parabéns registrados!

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