Ana... na real!: julho 2009

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Que dia!

Não curto muito fazer do blog um diário virtual. Gosto de desenvolver temas e pronto. Exercitar minha redação e minha autocrítica. Mas hoje, especialmente, merece uma descrição de tudo que aconteceu... Merece!

Pensa aquela manhã que o despertador toca e a sua única vontade é lancá-lo na parede, certificar-se de que se espatifou à ponto de não tocar nunca mais e dormir o dia inteiro? Então... Meu dia começou exatamemte assim! O problema é que não tive coragem de jogar meu celular na parede e acabei me arrastando até o banheiro. Pronto. Levantei. Agora é trabalhar... Fazer o quê?

Diferente do normal, me arrastei o dia todo. Não teve um único ser vivo que olhasse pra mim sem dizer "O que você tem?". Devia estar bem estampado o desejo dos primeiros instantes do meu dia.

Hoje é o aniversário de uma pessoa muito importante na minha vida. Fiz o que me é natural. Mandei um presente. Um "brinde" à distância. Me deixou feliz saber que fiz alguém sorrir no seu dia. Isso eu sei que consegui... Só que não foi suficiente para me mudar. Continuei me arrastando.

Ao longo do dia outras coisas aconteceram, como ler um email muito querido, ter uma reunião de trabalho muito enriquecedora, e ao final do dia, decidi que era melhor terminar minha luta no tatame - até escrevi isso no meu twitter @anafalcao. Mesmo com frio, mesmo desanimada, triste, até deprimida, chego no dojo... e aí... a novidade máxima do dia: mais um desafio, puxar um treino, pela primeira vez e sem "qualificação" para isso, por emergência, por improviso. E agora??? O que fazer??? Dispensar todo mundo e voltar pra minha casa com um sentimento pior ainda, até de abandono???

NÃO! Incentivada pelo dono da academia e pelos poucos corajosos que também venceram todos os problemas para estarem ali, encarei essa! E não é que deu certo? E não é que eu gostei da experiência? O melhor: não fui apenas eu que gostei, todos curtiram! Foi um treino de ritmo, de técnica, válido! Ninguém saiu de lá pensando que era melhor ter optado por retornar pra casa e pronto... Isso valeu muito pra mim, me ensinou muito, me mostrou que não dediquei os últimos 4 anos da minha vida pra fugir na hora que é necessário. Nada foi em vão, nada.

Acredite se quiser, mas foi isso que salvou meu dia. Foi a energia daquele momento que me colocou forte novamente, com determinação, com energia vital correndo nas veias.

Posso dizer que venci as coisas que costumam me derrubar: cansaço, sono, tristeza, saudade, tpm, tudo! Tudo por terra nas últimas horas do dia! Valeu! Foi meu presente hoje e agradeço à vida pela oportunidade de cumprir a parte que me corresponde.

domingo, 26 de julho de 2009

Autoconhecimento

"Conscientizar-se que a prática do aikidô tem por princípio o autoconhecimento"

Pratico aikidô. Esta arte marcial atravessou meu caminho há uns 8 anos, mas apenas nos últimos 4 anos é que faz parte da minha vida de forma intensa, como quase tudo que escolho fazer.

Ontem nos confraternizamos em um evento que chamamos de Gashuku. Pela chuva que caia e o frio instalado, já imagina-se o quão bravos guerreiros são os que sairam de suas camas num sábado convidativo à reclusão! Mas estávamos lá... pelo menos a grande maioria de nós... num lugar sensacional e cheio de lembranças.

Confesso que esses eventos despertam muitos sentimentos em mim. Alguns eu preferia que não existissem, mas não há como negá-los, e resolvi aprender com eles ao invés de camuflá-los. Sempre vejo como um filme na minha mente... Gashukus passados, sentimentos que me motivavam e os comparo com o presente. Ontem me senti um pouco diferente... Ainda com o coração sozinho - como está desde que abraçei esta arte marcial -, percebo que cada ano me entendo melhor, me conheço mais profundamente, e que este tempo de "solidão" emocional foi necessário, essencial.

Ouvi dizer, certa vez, que dentro de um tatame de aikidô você é, só e simplesmente, o que é. Não existem máscaras, simulações. Somos, na essência, exatamente o que somos dentro de um tatame. Se você tira de uma pessoa toda a sua segurança e a coloca em uma posição de aprendizado e superação, aflora seu caráter. Não há como fugir disso!

Meu desafio inicial era vencer o perfeccionismo, vencer a necessidade de saber tudo, de ser a melhor em qualquer área. Se mantivesse isso, não poderia permanecer naquele ambiente. Seria impossível! A primeira lição foi dura: eu não era a melhor naquilo, na verdade, eu era, naquele momento, a pior, a que menos sabia. Era desengonçada, não tinha senso de direção e nem controle dos meus movimentos. Olhava meus senseis executando seus golpes e achava que aquilo era surreal. Tive que decidir se encararia... Se venceria meu ego... Se estava disposta...

Isso foi há 4 anos...

Encarei! Hoje vivo uma nova crise, mas esta acontece em outro contexto. Tenho controle dos meus movimentos. Consigo executar os golpes até com tranquilidade. O dilema agora é psicológico, é de maturidade de sentimentos. Sinto que uma nova etapa se aproxima e me pergunto, novamente, se estou disposta a enfrentá-la. O último dos quatorze lemas do aikido está no início do post, e entendo porque é o último. Depois de atravessar todas as outras fases - disciplina, controle de sentimentos, relacionamento com as pessoas e com Deus, humildade, justiça -, você se descobre. É possível se enxerguar como nunca antes.

Muitas vezes me peguei observando meus amigos ontem... A maioria com situações de vida bem diferentes de quando nos conhecemos. Outros não... atravessando mudanças apenas interiores, como as minhas. Aprendi a respeitar cada um, com suas particularidades. Venci preconceitos, medos, inseguranças, e até minha intolerância.

Quando escolhi o aikidô, deixei uma vida inteira para trás e vejo que valeu a pena para conseguir me respeitar, me valorizar e descobrir, cada dia, a minha missão... Vivendo um caso de amor comigo mesma... Me apaixonando pela minha própria história... Sendo o personagem principal do teatro da minha vida.

Esse é o presente que o aikidô me dá... o autoconhecimento.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Entre as prateleiras

Essa semana fui até a Livraria Cultura, na minha avenida predileta - a Paulista. Minha missão era escolher, entre tantos maravilhosos itens, o que mais se parecia com um presente dado por uma amiga. Detalhe: a presenteada era eu mesma. Sim... um vale-presente!

Como trabalho com livros e sou até compulsiva por comprá-los, não poderia fazer essa opção. Não faria sentido. Também amo cinema, porém, da mesma forma, compro DVD's sempre. O que seria diferente para me presentear?

De repente... entre as prateleiras... um CD brilhou! Infelizmente, não compro CD's há muito tempo. Anos, diria. Acabou sendo mais prático fazer uso dos MP3's. Confesso que não sou muito à favor não, mas a comodidade me fez declinar. Mas ali... com um vale-presente nas mãos... a decisão foi tão racional quanto impulsiva. Em pouquíssimos segundos, já estava no caixa, levando pra casa um sonho... O Pulse, do Pink Floyd... Duplo... Todo meu! A sensação: PRAZER! Não um consumo qualquer, mas a certeza de estar levando o que mais me faria feliz ganhar de uma amiga tão querida. Além, é claro, da certeza que eu não compraria, provavelmente nunca, e agora era meu...!!!

Não pensem que sou materialista, consumista ou algo assim, muito ao contrário. Alguns diriam que sou extremamente comedida quando compro coisas para uso próprio. Mas gosto do significado das coisas... Sou apaixonada por ter coisas que remetem a momentos e pessoas importantes. O objeto se torna mágico.

Esse CD tem história... Suas músicas me levam ao período que acredita ser capaz de mudar o mundo, de fazer tudo do meu jeito e fazer dar certo, de tornar meu caminho tão fascinante que parecesse um dos filmes que amo assistir até hoje. Lembro de estar deitada, jogada em um sofá qualquer, na casa de um amigo de um amigo, ouvindo essas músicas e sentindo as idéias brotando na mente, devaneios com ares de planos bem traçados.

Ainda sonho... Ainda tenho os olhos no horizonte... Apenas mudou a visão, a construção do caminho até lá. É... pé no chão... Não como naquela época única, época das ousadias e das besteiras. rs

Gosto de ter coisas que significam mais do que parecem.

E querem saber? Lá na livraria existiam muitas outras pessoas como eu. Bastou demorar-me alguns minutos nas atitudes e olhos brilhando dos meus companheiros apaixonados por cultura para ter essa certeza e sair de lá com um sorriso imenso e uma felicidade sem explicação.

domingo, 19 de julho de 2009

"Somente os amigos traem"

Li essa frase e fiquei pensando sobre ela... Há um complemento: "e somente os amigos podem perdoar."

Traição é uma palavra que machuca só de ser proferida. Causa dor só por existir. Mas existe muito sentido na frase acima. A traição acontece pelas pessoas de quem não esperamos mal. De inimigos se espera tudo! E, portanto, nem é traição.

Lembrei-me de outro livro que tive o prazer de apreciar meses trás - "Governe seu mundo" -, que dizia que o medo e a esperança são os sentimentos mais perigosos para a felicidade do ser humano. E, neste caso, a esperança alimentada pode nos fazer pensar que as pessoas que amamos, para as quais vivemos e compartilhamos nossa vida, nunca nos machucarão e não podem errar conosco. Acho que ninguém deve achar o traição uma coisa normal, mas seríamos mais felizes se a tivéssemos como "possível". A decepção seria menor, imagino.

Atrás de grandes expectativas estão nossos sonhos sem fundamento, aqueles que suprimos para fugir da realidade, um ideal. Todos são passíveis de erro, todos podem nos magoar, nos trair de alguma forma, trair nosso sentimento ou nossa confiança. Nós mesmos podemos fazer isso e será visto como traição apenas pelas pessoas que nos amam. Faz sentido, não faz?

Agora... são também os amigos que podem perdoar e o perdoão é necessário quando alguém erra, não em outra situação. E como é difícil perdoar!

Aprendi que perdoar é esquecer... Acho que isso é divino, não humano. Somente Deus pode esquecer nossas faltas, apagá-las. Nós não conseguimos isso assim... sem muita "prática"... sem muita apreciação do amor... sem aprender como é o amor de Deus.

Esquecer? Como?

Sofri algumas traições na vida. A primeira e mais dolorida foi por uma amiga... [ Seguindo o conceito acima, faz sentido que tenha sido por uma grande amiga, não é mesmo? ] Ela era minha irmã de coração, de vida. Tínhamos mais afinidade do que qualquer pessoa, mais até do que as próximas da minha própria família. Era recíproco. Foram anos de amizade. Só que um dia, ela me traiu, me feriu, me apunhalou. Ignorou os meus sentimentos mais fortes e pensou apenas em si. Acabou ali...

Anos depois, pediu que a perdoasse e aí veio a contradição... Disse que perdoava, mas que nunca esqueceria. Não fui capaz de esquecer até hoje... Então... Perdoei?

Digo que um dos meus piores defeitos é a memória. Não consigo esquecer... mesmo que queira. Se for uma imagem então... impossível! Imagens ficam registradas na minha retina. Basta fechar os olhos e pensar que a imagem volta à mente, nítida.

Com ela foi um registro duplo... de sentimentos e de imagens. Lembro como se estivesse acontecendo agora, na minha frente, o choque da traição da pessoa que mais confiei - além da minha mãe, claro. Hoje não me machuca tanto o que houve, desejo que ela seja feliz onde quer que esteja, mas queria apagar dos meus registros.

Gostaria de esquecer, pois somente os amigos são capazes de perdoar. "Somente os amigos traem"... Isso me faz repensar essa lembrança, assim como outras...

sábado, 18 de julho de 2009

...ufa...

Valeu a pena ter ido à apresentação. Foi tudo muito bom! Acho que nem errei. rsrsrs

Depois escreverei umas coisinhas que passaram pela minha mente hoje e quero compartilhar aqui...

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Medo de errar...

Amanhã farei uma apresentação de arte marcial...
Estou com medo de errar...
Vou mesmo para encarar isso.
Mas não queria ir...

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Autoestima

Conhecimento, racionalização, visão crítica... uma faca de dois gumes. Por um lado nos faz bem, estimula nossa inteligência, perscipácia, amplia o mundo. Por outro, dá-nos a consciência e não necessariamente a solução. Se temos a capacidade de identificar algo errado em nossa conduta é tortura não ser capaz de corrigir com eficiência. Se é possível encontrar o estopim de um trauma qualquer, por que não mudar sua configuração e consequência?

Admiro muito a psicanálise, a psicologia, apesar de nunca ter me colocado à frente de um profissional como este. [ Me disseram certa vez que "não preciso disso", pois tenho amigos, família, tenho com quem conversar... hummm... Hoje já discuto essa idéia! Será que é o suficiente? Bem.. Mas não é essa a questão hoje. ] O fato é que sou fascinada pela psique humana, mais especificamente, pela minha própria. O que me restou foi buscar conhecimento sozinha, em livros, reportagens, e sempre me choco com o aprendizado sobre o funcionamento da nossa mente e dos caminhos que o pensamento percorre, assim como as marcas que deixa. A postura de me colocar no divã é o desdobrar do autoconhecimento que entendi ser relevante para o meu crescimento pessoal.

Uma das minhas leituras me fez buscar o raiz de umas das minhas "neuroses": meu cabelo. Escolhi essa lembrança porque parece tão ridícula, tão sem fundamento, que é perfeita para o que quero colocar.

Tenho uma avó paterna... do tipo que deveria ser proibida de ser avó, quer dizer, até de ser mãe! Não é preciso mais do que 15 minutos de exposição da sua história para que qualquer pessoa concorde com a afirmação acima, mesmo parecendo agressiva e maldosa. Somente quem conviveu com ela pode entender o quanto isso é complexo.

Ela é vaidosa até hoje e foi ainda mais quando era jovem, bonita, vistosa, sensual e "poderosa", como gosta de dizer. Me tratava como uma boneca, até me colocava pra tirar fotos ao lado de uma. Porém, isso só valia quando me encontrava arrumadinha como um enfeite de bolo e, muitas vezes, ela mesma me arrumava pra se satisfazer. Como quase toda criança, eu odiava aquilo! Certa tarde, quis escovar meu cabelo e eu não deixei. Queria brincar, não me pentear. A cena que se seguiu hoje parece vazia, mas não foi assim aos meus olhos na época, com pouco mais de 8 anos... Ela segurou meus cabelos - levemente cacheados e volumosos - entre os dedos e gritou que eu tinha um cabelo horrível, "cabelo de nego".

[ Detalhe: a genética desenhou meus cabelos de acordo com a decendência dela. Seus fios são disfarçados com laquê e escova... mas iguais aos meus! ]

Hoje a chamaria de ridícula e preconceituosa, como fiz em ocasiões futuras. Diria que todo cabelo é bonito sendo bem tratado, que quando nos aceitamos como somos a beleza é natural, exuberante, segura e nos faz feliz. Quantos cabelos como os meus admiro nas outras mulheres! Mas em mim não...

Desse dia em diante só ficava feliz quando fazia escova, quando deixava ss cabelos tão lisos que ninguém poderia imaginar que fossem cacheados. Preocupada e notando que estava muito incomodada, minha mãe passou a me levar ao salão de beleza, cada vez com mais frequência. Chegava ao ponto de ser um "presente" quando me via triste com o que quer que fosse, pois esquecia tudo depois de ver meus cabelos escovados e balançando ao vento. E, lógico, não parou por aí... A frequência aumentou tanto que a partir dos 13 anos o salão passou a ser condição para o meu bem estar. Toda semana eu escovava o cabelo, toda semana! Só parei poucos anos atrás e, não por consciência, apenas pelo surgimento da "salvadora escova progressiva"!

Minha mãe nunca soube onde isso começou e eu mesma não sabia até me colocar no divã e buscar a origem disso. Me assustei.

O que uma atitude tão isolada foi capaz de fazer? Além dos prejuízos a minha autoestima, os prejuízos financeiros devem ser considerados também. São 52 semanas anuais, por mais de 15 anos, ou seja, 780 escovas. Se colocarmos uma média de R$ 20,00 cada, são nada mais nada menos, do que R$ 15.600,00!!! Ah... Fora as progressivas... rs... É rir pra não chorar!

Vocês podem estar pensando... "Nossa... Deve ser cabelo terrível!"... Pois é... não é! Meu cabelo é rebelde se não for cuidado, como todo e qualquer cabelo, mas é bonito, brilhante, com movimento... sei que é... racionalmente, eu sei. Emocionalmente, não. Não consigo aceitá-lo.

Os prejuízos financeiros a gente supera, não é mesmo? Mas... e as feridas na autoestima?

É estranho ter consciência disso e não conseguir mudar meu sentimento. Foi um exemplo tão pequeno, mas queria colocá-lo para dizer como os detalhes são importantes e como muitas pessoas passam toda a vida aprisionadas nesses padrões que assassinam o amor que devemos cultivar por nós mesmos, que atrapalham o romance que devemos ter com a nossa história, que ofuscam a nossa beleza única, valiosa e especial.

Um dia eu chego lá... E você?

Richard Caldern

"Aquele que cria o hábito de ler, cria o hábito de lutar para viver, e todo aquele que procura interpretar o que lê, entende o sentido de viver."

por Richard Caldern

terça-feira, 14 de julho de 2009

Hora de respeitar o sono, sem respeitar direito... rs

O prazer de escrever está voltando... Gosto disso. Está me fazendo bem.

Pena que hoje tenho que respeitar o meu DEVER de dormir! rs

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Perfeita? Não... Nunca...

Fico me perguntando onde começou esse lance de corresponder às expectativas perfeitas dos outros... Não consigo me lembrar exatamente o que despertou essa necessidade em mim. Será que a busca por perfeição nasceu sozinha?

Estou me deliciando na leitura simples de um dos livros do Augusto Cury, A Ditadura da Beleza, e acho que tem um pouco de relação com isso. Não fala só da nossa busca irracional pela beleza, mas pela perfeição imposta pela sociedade, pelos pais, pelos meios de comunicação; busca que faz de milhares de pessoas prisioneiras de um padrão inatingível, cultivando depressão, frustração, vergonha.

Se puxar um pouquinho de nada a memória, me vejo num ambiente de aparências, onde eu era "endeusada", tinha que ser a melhor, perfeita, acima dos demais, exemplo para homens e mulheres, para crianças e adultos... Praticamente divina! Agora... na boa... onde eu estava com a cabeça quando deixei que esperassem isso de mim???

Em outro livro fantástico, e bem menos simples, Quando Nietzsche Chorou, me deparei com o tema do trauma com uma visão mais madura e repensei minha história. Penso que as pessoas que partilham o crescimento de uma criança, deveriam se preocupar mais com as consequências de seus atos, de suas atitudes. Algumas fatalidades são impossível de impedir, mas outras... bem mais sutis e, aparentemente, inofensivas... podem minar a vida de alguém! Isso é sério!

Meus pais não foram irresponsáveis. Não é isso. Fizeram o melhor de si, mesmo que não tenha sido o melhor. Se esforçaram, cada um com sua limitação e história própria. Só que o resultado de tantas cobranças, de tantas expectativas, acabaram por tirar de mim o poder de viver livremente, de descobrir meus próprios limites e respeitá-los, de ter auto confiança, de viver com leveza.

Para uma criança é complicado encarar responsabilidades sérias como adulta e agir diante das mazelas da vida como se fossem situações normais. Não são, sabe? Para que fingir que está tudo bem? Por que não encarar de frente os problemas e chamá-los pelos seus nomes corretos no lugar de jogar aos pés de uma criança assustada a responsabilidade de maquiar a vida e dizer que está "tudo bem"?

Só que me fizeram acreditar que eu sou mais forte do que tudo, que nada me afeta, que nada me derruba e que nada nesta vida pode me abalar. Acreditei. Pior que acreditei durante quase toda a minha vida. Então... Agi sempre como se tudo estivesse bem e "passei" por cima de coisas que poucas pessoas seriam capazes de passar. E ainda passei sorrindo, fazendo com que as pessoas se sentissem felizes, preocupada com a luz na vida dos que estavam ao meu redor, sem me preocupar comigo. Afinal, para quê? Não estou acima de tudo?

O que julgo melhor de tudo isso é que aprendi a agir e não reagir. Isso sim considero positivo... agir e não reagir. Agir como acredito ser certo, mesmo que ninguém concorde, mesmo que as atitudes dos outros para comigo não sejam corretas. Assim criei um princípio meu, só meu. Meu jeito de encarar os outros e a vida. Esse é o meu budô, esse é o espírito de luta com o qual impregnei minha vida.

Agora me vejo com uma nova missão: aprender a não ser perfeita aos olhos das pessoas que amo e ser feliz assim, imperfeita.

Amo as pessoas e elas não são perfeitas... Por que isso não pode acontecer comigo também? Eu tenho direito de errar, de não estar 100% o tempo todo, de não ser a melhor, de não ser a mais bonita - mesmo porque minha beleza é muito diferente da beleza da maioria -, de não ser a mais esperta, nem a mais bem sucedida. Eu tenho direito de ser gente como todo mundo!

Preciso aprender a lidar com as minhas fraquezas - elas existem, pode parecer que não, mais existem e estão diante de mim sempre!

Certa noite, uma amiga me pegou chorando no vestiário. Ficou chocada! Não porque eu estava triste, mas porque eu, justo eu, estava chorando! "Como pode isso? A Ana chorando? Ela é a mais forte de todas e está chorando? Que desgraça deve ter acontecido?"... E eu estava apenas triste demais para segurar as lágrimas até chegar no meu travesseiro... Ah... se meu travesseiro falasse...

É uma missão difícil e nem sei se conseguirei alcançá-la, mas preciso aprender a me enxergar sem as lentes de aumento das pessoas que acreditam que sou diferente delas... Mesmo porque a culpa é minha de ter permitido isso, de ter acreditado nisso. Creio que serei mais feliz, mais leve, mais plena quando isso acontecer...

domingo, 12 de julho de 2009

Certezas, por Mario Quintana

"Não quero alguém que morra de amor por mim...

Só preciso de alguém que viva por mim, que queira estar junto de mim, me abraçando.

Não exijo que esse alguém me ame como eu o amo, quero apenas que me ame, não me importando com que intensidade.
Não tenho a pretensão de que todas as pessoas que gosto, gostem de mim...

Nem que eu faça a falta que elas me fazem, o importante pra mim é saber que eu, em algum momento, fui insubstituível...
E que esse momento será inesquecível...

Só quero que meu sentimento seja valorizado.
Quero sempre poder ter um sorriso estampando em meu rosto, mesmo quando a situação não for muito alegre...
E que esse meu sorriso consiga transmitir paz para os que estiverem ao meu redor.

Quero poder fechar meus olhos e imaginar alguém...e poder ter a absoluta certeza de que esse alguém também pensa em mim quando fecha os olhos, que faço falta quando não estou por perto.

Queria ter a certeza de que apesar de minhas renúncias e loucuras, alguém me valoriza pelo que sou, não pelo que tenho...

Que me veja como um ser humano completo, que abusa demais dos bons sentimentos que a vida lhe proporciona, que dê valor ao que realmente importa, que é meu sentimento...e não brinque com ele.

E que esse alguém me peça para que eu nunca mude, para que eu nunca cresça, para que eu seja sempre eu mesmo.

Não quero brigar com o mundo, mas se um dia isso acontecer, quero ter forças suficientes para mostrar a ele que o amor existe...

Que ele é superior ao ódio e ao rancor, e que não existe vitória sem humildade e paz.
Quero poder acreditar que mesmo se hoje eu fracassar, amanhã será outro dia, e se eu não desistir dos meus sonhos e propósitos, talvez obterei êxito e serei plenamente feliz.

Que eu nunca deixe minha esperança ser abalada por palavras pessimistas...
Que a esperança nunca me pareça um NÃO que a gente teima em maquiá-lo de verde e entendê-lo como SIM.

Quero poder ter a liberdade de dizer o que sinto a uma pessoa, de poder dizer a alguém o quanto ele é especial e importante pra mim, sem ter de me preocupar com terceiros... Sem correr o risco de ferir uma ou mais pessoas com esse sentimento.

Quero, um dia, poder dizer às pessoas que nada foi em vão...
Que o amor existe, que vale a pena se doar às amizades a às pessoas, que a vida é bela sim, e que eu sempre dei o melhor de mim... e que valeu a pena."

Amar Você


Em meu primeiro post, um texto que li quando adolescente e até hoje retrata meus sentimentos perante a vida e as minhas emoções... Não sei o autor, mas admiro sua sensibilidade.


“Que a força do medo que tenho não me impeça de ver o que anseio.
Que a morte do tudo que acredito não me tape os ouvidos nem a boca.
Porque metade de mim é o que grito... mas a outra metade é o silêncio.

Que a música que eu ouço ao longe seja linda, ainda que cante tristeza.
Que o homem que eu amo seja para sempre amado, mesmo que distante.
Porque metade de mim é partida... e a outra metade é saudade.

Que as palavras que eu falo não sejam ouvidas como prece nem repetidas com fervor,
Apenas respeitadas como a única coisa que resta a uma mulher inundada de sentimento.
Porque metade de mim é o que ouço... mas a outra metade é o que calo.

Que esta minha vontade de ir embora se transforme na paz que eu mereço.
Que esta tensão que me corroe por dentro seja um dia recompensada.
Porque metade de mim é o que penso... e a outra metade é um vulcão.

Que o medo da solidão se afaste; que o convívio comigo mesma se torne ao menos suportável.
Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso que eu lembro ter dado na infância.
Porque metade mim é a lembrança do que fui... a outra metade não sei.

Que não seja preciso mais do que uma simples alegria para me aquietar o espírito.
Que o teu silêncio me fale cada dia mais.
Porque metade de mim é abrigo... mas a outra metade é cansaço.

Que a arte nos aponte uma resposta, mesmo que ela não saiba.
Que ninguém a tente explicar, porque é preciso simplicidade para fazê-la florescer.
Porque metade mim é platéia... e a outra metade é a canção.

Que a minha loucura, que o meu amor, seja perdoado...
Porque metade de mim é AMAR... e a outra metade... VOCÊ”.

Inaugurando "Ana... na real"

Creio que está na hora de voltar a escrever... São anos fugindo das minhas próprias palavras e buscando algo fora de mim... Talvez a maturidade nos ajude a entender que algumas coisas, definitivamente, não estão fora de nós.

Quero usar esse espaço para falar da Ana que sou "na real". De alguma forma, fui criada para viver um ideal quase inatingível e coloquei um ponto final nessa infeliz busca.

A primeira fase foi de luto, trancada pro mundo, fechada entre quatro paredes psíquicas intransponíveis. Muita tristeza e vazio. Muitas dúvidas com perguntas nem formuladas tamanha a confusão. Sozinha por decisão e por reclusão. Morte de sentimentos e emoções. Um choque... Dolorido, porém necessário.

A segunda foi a euforia, a experimentação, o risco sem consciência de perigo, viver o que os adolescentes vivem - eu acho. Irresponsabilidade, talvez. Noites sem dormir, baladas... Quem foi que disse que não existe função e crescimento em um ambiente de balada? Quem afirmou que as pessoas que frequentam desses ambientes não são dignas de confiança, de respeito, de admiração? Eu precisei disso. Precisei mesmo! Para me reencontrar, me redescobrir. Foi um renascimento, atrapalhado, mas foi. Ativei mecanismos antes adormecidos, como, por exemplo, o poder de sedução, o desapego, a tranquilidade, a capacidade de viver cada dia como se fosse único, a magia. Nunca tive vivido isso. Creio que "pulei" essa fase diante de tantos relacionamentos sérios, sempre muito sólidos; diante das cobranças de perfeição e moral acima de qualquer suspeita.

Nessa fase, a vida me deu um presente: uma amiga. Um dia escreverei sobre ela aqui. Merece um post todinho e muitas outras "participações especiais". rs

E foi no aniversário dessa amiga, esse ano, que iniciei a fase atual... A consolidação de todas as experiências anteriores, a maturação, a conclusão. Um novo choque e, desta vez, totalmente positivo, completo, claro. Momento de crescimento emocional.

Um dia você está totalmente descrente das possibilidades e surpresas que a vida pode lhe dar, desprendida de esperança e medo, e... quando menos espera... tudo muda! Não estou falando de amor, estou falando de visão. Naquela noite, quebrei meus próprios paradigmas, meus pré-moldados conceitos, até meus gostos, tudo porque pude ver além do ambiente, além da multidão ao redor, pude ler os olhos de alguém que nem conhecia e me encantar... depois de tantos anos, encantada.

Foi um "click" e significou muito pra mim. Não acreditava mais que poderia me encantar... totalmente sem pretensão, sem esperança, sem medo. Simplesmente, me encantar. Um sentimento claro, transparente, desprovido de culpa ou cobrança, simplesmente sincero e natural.

É o símbolo, o marco, desta nova fase... esta que quero compartilhar com quem tiver prazer em ler minhas linhas. Adianto que estas podem ser muito maduras ou totalmente perdidas, afinal, quem pode se achar acima dos outros e proprietário de sabedoria incontestável? Eu não... Sou real, tenho qualidades e defeitos, alegrias e tristezas, euforias e depressões. E só quero atrair pessoas que sejam capazes de respeitar e admirar a sinceridade do meu coração e do seu próprio.

Bem... está inaugurado! Sejam bem vindos.