Ana... na real!: Autoconhecimento

domingo, 26 de julho de 2009

Autoconhecimento

"Conscientizar-se que a prática do aikidô tem por princípio o autoconhecimento"

Pratico aikidô. Esta arte marcial atravessou meu caminho há uns 8 anos, mas apenas nos últimos 4 anos é que faz parte da minha vida de forma intensa, como quase tudo que escolho fazer.

Ontem nos confraternizamos em um evento que chamamos de Gashuku. Pela chuva que caia e o frio instalado, já imagina-se o quão bravos guerreiros são os que sairam de suas camas num sábado convidativo à reclusão! Mas estávamos lá... pelo menos a grande maioria de nós... num lugar sensacional e cheio de lembranças.

Confesso que esses eventos despertam muitos sentimentos em mim. Alguns eu preferia que não existissem, mas não há como negá-los, e resolvi aprender com eles ao invés de camuflá-los. Sempre vejo como um filme na minha mente... Gashukus passados, sentimentos que me motivavam e os comparo com o presente. Ontem me senti um pouco diferente... Ainda com o coração sozinho - como está desde que abraçei esta arte marcial -, percebo que cada ano me entendo melhor, me conheço mais profundamente, e que este tempo de "solidão" emocional foi necessário, essencial.

Ouvi dizer, certa vez, que dentro de um tatame de aikidô você é, só e simplesmente, o que é. Não existem máscaras, simulações. Somos, na essência, exatamente o que somos dentro de um tatame. Se você tira de uma pessoa toda a sua segurança e a coloca em uma posição de aprendizado e superação, aflora seu caráter. Não há como fugir disso!

Meu desafio inicial era vencer o perfeccionismo, vencer a necessidade de saber tudo, de ser a melhor em qualquer área. Se mantivesse isso, não poderia permanecer naquele ambiente. Seria impossível! A primeira lição foi dura: eu não era a melhor naquilo, na verdade, eu era, naquele momento, a pior, a que menos sabia. Era desengonçada, não tinha senso de direção e nem controle dos meus movimentos. Olhava meus senseis executando seus golpes e achava que aquilo era surreal. Tive que decidir se encararia... Se venceria meu ego... Se estava disposta...

Isso foi há 4 anos...

Encarei! Hoje vivo uma nova crise, mas esta acontece em outro contexto. Tenho controle dos meus movimentos. Consigo executar os golpes até com tranquilidade. O dilema agora é psicológico, é de maturidade de sentimentos. Sinto que uma nova etapa se aproxima e me pergunto, novamente, se estou disposta a enfrentá-la. O último dos quatorze lemas do aikido está no início do post, e entendo porque é o último. Depois de atravessar todas as outras fases - disciplina, controle de sentimentos, relacionamento com as pessoas e com Deus, humildade, justiça -, você se descobre. É possível se enxerguar como nunca antes.

Muitas vezes me peguei observando meus amigos ontem... A maioria com situações de vida bem diferentes de quando nos conhecemos. Outros não... atravessando mudanças apenas interiores, como as minhas. Aprendi a respeitar cada um, com suas particularidades. Venci preconceitos, medos, inseguranças, e até minha intolerância.

Quando escolhi o aikidô, deixei uma vida inteira para trás e vejo que valeu a pena para conseguir me respeitar, me valorizar e descobrir, cada dia, a minha missão... Vivendo um caso de amor comigo mesma... Me apaixonando pela minha própria história... Sendo o personagem principal do teatro da minha vida.

Esse é o presente que o aikidô me dá... o autoconhecimento.

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