Ana... na real!: setembro 2009

domingo, 27 de setembro de 2009

Mentiras

Quando menos esperava o telefone tocou e fui 'transportada'. Uma voz insegura do outro lado me chamava pelo apelido mais querido que já tive... Deveria ser motivo de alegria, mas nada indicava que seria assim.

A conversa durou cerca de vinte minutos e tinha um epicentro: A MENTIRA.

Tentei só ouvir, mas a revolta não me deixou calar! Precisava combater tanta insensatez! Queria tirar, mesmo que à força, a mentira da vida de alguém que escolheu esse caminho e não sabe mais sair dele. Sentiria compaixão por quem quer que fosse, mas não era qualquer um... Sangraria minha alma até arrancar tanto sofrimento de uma das pessoas mais importantes da minha vida... Faria tudo, se adiantasse!

Porém, existia algo de muito bom em todas aquelas palavras perdidas e descontroladas. Existia o reconhecimento do erro, o choque ao admitir a mentira e a fuga. A barreira mais forte estava sendo derrubada com dor e desmoronava, pedra por pedra. Mas... e depois? Como autor da própria vida, cada um descobre o que fazer com as pedras... Isso é pessoal e instransferível. Resta a mim torcer, apoiar e estender a mão quando existir na outra ponta alguém que deseja levantar.

...

Existem inúmeras formas de mentir e infinitas razões para fazê-lo. Cada um busca suas próprias justificativas, mesmo que inconscientemente, de forma a encontrar absolvição. Ninguém quer levar consigo as culpas e muito menos as consequências. A fuga acaba sendo uma idéia razoável. O que esquecemos é que essa roda não pára, uma mentira desaba sob outra, levando ao abismo a vida e os sonhos.

Lembro-me de um filme chamado Efeito Borboleta que me marcou pela mensagem de que mesmo que seja uma pequena atitude refletirá no futuro e pode mudar todo o curso dos fatos. Era ficção, mas trazia verdade. Uma decisão agora abre um leque de novos caminhos, com outras decisões envolvidas, que vão desenhando nossas pegadas na areia. Ao olhar para trás, talvez as marcas nem estejam mais lá, mas nos levaram ao ponto atual e o que importa é o que faremos no próximo passo. Quando se escolhe a mentira, os passos ganham tensão e medo. Não é possível viver livre tendo uma base tão frágil! Uma mentira exige outra para encobrí-la e esse ciclo cessa apenas quando a verdade se impõe. Até que isso aconteça, e é inevitável, muitos são atingidos e feridos.

Considero a pior mentira aquela que contamos para nós mesmos. A mais perigosa e mais profunda. Esta é mais difícil vencer porque penetra no inconsciente de tal forma que nem lembramos mais do que é verdade. Acreditamos na mentira porque é a realidade que desejávamos e não tivemos força para buscá-la. Triste imaginar o desespero que habita em quem odeia o que é e a vida que tem, que se envergonha de existir. É uma doença e exige de tratamento. Ninguém consegue ser feliz se precisa apresentar ao mundo uma história irreal para ser aceito, para que confiem nele, para que o amem e o apoiem. Os sentimentos ficam tão distorcidos que se esquecem de sua essência. O restante não existe! Ninguém quer amar uma ilusão e dedicar sua vida à uma mentira.

...E a simples escolha pelo arrependimento e o desejo de encarar a verdade abre todas as portas e janelas da alma, e devolve a chance de sermos acolhidos com segurança.

A verdade é complexa demais para algumas pessoas, é o caminho estreito. Dizer a verdade implica em encarar a vida e muitas vezes esta não é das mais agradáveis. Exige assumir riscos, colocar-se à prova, expor o que sente e o que quer, e agir diferente do que esperam de você. Parece mais simples omitir, suavizar, jogar a poeira embaixo do tapete. O problema é que o alcance de uma mentira é tão amplo que não se pode imaginar...

Não sou perfeita nem detentora da verdade, sou apenas feliz em não ser boa nisso. Mentir não é meu forte. Qualquer criança enxergaria meu jeito desconsertado. Brinco dizendo que devo ter um luminoso nos olhos, com cores fortes e chamativas, denunciando: ESTOU MENTINDO!

Me preocupo muito com as escolhas... as minhas e as das pessoas que amo. Sei que não sou apenas eu envolvida. Agradeço a Deus por odiar a mentira e por me esforçar para que ela não saia da minha boca, mesmo quando é mais conveniente. Ao contrário, tenho experimentado expor as minhas verdades, sem medo. Além de não optar pela omissão - ninguém pode adivinhar o que sinto. Mostrar quem sou é meu dever! Confesso que não é fácil, só assumo como desafio e sugiro que todos experimentem.

Assim como amar é uma ação, escolher a verdade também é. Ação envolve vontade e atitude. Tenho minha decisão tomada e não abrirei mão dela.

Esse é o meu papel e cada um precisa assumir o seu.

Amiga Colunista

Quero registrar minha admiração pela Cinthya, amiga e parceira de idéias, que inaugurou seu espaço no site Primeiro Programa.

Recomendo!

Conheça seu texto de estréia, clicando aqui.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Impensada? Onde?

...postei no twitter e resolvi contar aqui...

Já viu alguém pensar e pensar e pensar mais uma vez, só pra ter uma atitude impensada??? rsrsrs EU!!!

Estou morrendo de vontade de fazer uma das surpresas que adorava... Mereço!

Observando... e sendo observada.

Desde criança observo pessoas. Mania de buscar traços de personalidade, entender atitudes, aprender, admirar. Era notória minha necessidade de construir modelos; exemplos principalmente masculinos. Queria plantar em mim a esperança, a contemplação. Tive sorte! Encontrei muitos a quem admirar. Professores, instrutores, amigos, colegas de trabalho.

Nos últimos anos, tenho também senseis, meus mestres em arte marcial. Entre todos, com histórias de vida fabulosas e dotados de dons sublimes, hoje destaco um...

É o mais velho de nós... e o mais terrível! Médico-cirurgião, professor de sua especialidade e um ávido estudante dos mistérios do universo. É intenso, extremo. Chego a pensar que é bipolar ou, simplesmente, louco. Vai do amigo quase pai ou carrasco impiedoso em segundos. É um teste. Sua existência mede comprometimento, talento, coragem, força, lealdade e limites físicos e intelectuais. Literalmente me dá surras inexplicáveis, além das lições humanas. Dotado de um poder de persuasão fora do comum, me estimula a pensar de formas tão ousadas que amplia minha visão, saindo das teorias sociais para o pensamento livre.

Ah! Ele é humano e faz muita besteira também. Não é perfeito, mas é real.

Ontem depois do treino, peguei uma carona e conversamos sobre os locais do mundo que acabou de visitar, sobre a energia que têm e a história que carregam. Meus olhos brilhavam e ele me encarou dizendo que eu aproveitaria cada passo nesses lugares com mais profundidade do que a maioria. Eu sentiria...

Ele, assim como meus outros senseis, me vêm não apenas 'na real' como também 'no limite'. É inestimável conviver com um homem assim - experiente, profissional, estudioso, pai e amigo -, que busca conhecer as pessoas além do que mostram e tem coragem suficiente pra dizer a verdade como ela é, mesmo que incomode ou ofenda. É tão fiel ao que pensa que não se importa com convenções.

Sabe...? O mágico do aikidô é que dentro do tatame você é essencialmente você. Não há espaço para dissimulações, influências profissionais ou políticas. Ali descalço, vestido como todos os outros, suando, sentindo e provocando dor, chegando aos limites do próprio corpo e do ego, todo ser humano é transparente. Assim como se conhece o homem quando lhe dá poder, se vê a alma quando lhe tira as vantagens e as proteções. Todos começam esbarrando no próprio orgulho e, se tiverem coragem, evoluem encontrando a autoestima e o autoconhecimento. Talvez por esta razão, os relacionamentos nascidos no tatame sejam tão poderosos. Nascem da verdade, da essência.

É... existem outros como eu, que observam...

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Metrô, o melhor amigo de São Paulo. rs

Desci do ônibus de olho no relógio e descobri que chegaria cedo do trabalho. Satisfeita, levantei o rosto e arregalei os olhos ao ver o formigueiro de pessoas na entrada do metrô. P-R-O-B-L-E-M-A-S!

Desviando aqui e ali consegui descer as escadas na esperança de descobrir o que houve. Levando-se em consideração que o percurso que me separa do trabalho chega à marca de 45km, precisava decidir se chegaria ou não. A cena seguinte foi chocante. Não havia espaço... Uma infinidade de pessoas totalmente mudas. O silêncio era absoluto! Por poucos minutos, claro...

Logo um louco colocou-se a falar. Seu nome, Clovis Ferreira. Ele fez questão de se apresentar! rs Sua ladainha despertou conversas e risadas. As teorias começaram a se espalhar entre a multidão.

"O que houve?"
"A Sé explodiu..."
"Hã?"
"É... Um vagão pegou fogo na Sé."
"Não... Foi suicídio."
"Foi uma bomba, com certeza, to falando..."
"Tá tudo bloqueado e ninguém sabe nada, ou seja, é pior do que estão falando..."

...Silêncio...

Eu? Rindo, né?

"Vai funcionar?"
"Tem que funcionar! Tenho que trabalhar."

Alguém no meio do povo:
"Mas... e se pegar fogo de novo?"
Essa pergunta aí ignoraram... rs

Impressionante a imaginação humana e suas "certezas" absurdas. Todo mundo SABIA de tudo! Inclusive de que não ligava pra incêndio algum, só queriam chegar no trabalho. Leram tantos os painéis que afirmam que o metrô é o melhor amigo de São Paulo que acreditaram e nenhum medo de morrer abala isso! E como não acreditar, se em poucas horas sem os trens fazendo seu trabalho direitinho, a cidade travou? Pena que o 'amigo' estava afim de bagunça hoje! rs

A parte de pensar que chegaria no horário rendeu horas de atraso. Quem foi que disse que dá pra planejar alguma coisa por aqui??? rs

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Confesso: mereço as broncas!

Me impressiono com a quantidade de vezes que levo broncas dos meus amigos! Juro. É de cair o queixo! Cada vez é de um, em uma situação diferente, mas nos últimos anos sempre sobre o mesmo erro: AUTO BOICOTE. Até topei com alguns artigos de revista e livros sobre o assunto. Deve ser um sinal...

Há um ano atrás, recebi um choque no meio de uma conversa pesada no café da Livraria Cultura do Conjunto Nacional, na Paulista: "Ana, pára de se boicotar!". Quase cai da cadeira. Parecia um tijolo caindo sobre mim. Não consegui falar mais nada. O papo acabou minutos depois. Fui para casa sem rumo até que as idéias foram se encaixando.

Hoje a bronca foi idêntica, mas me encontrou mais preparada e ciente das falhas na minha atitude emocional.

Se alguém que conviveu comigo em outra época lesse as próximas linhas, afirmaria que é apenas um conto trágico, não um desabafo real...

Desaprendi uma série de coisas... Criei barreiras. Montei cenários, figurinos e personagens. Costumo dizer que "perdi a mão" para o que envolve meu coração. Ofusquei a transparência dos meus sentimentos. Não consigo me expor, dizer que gosto, demonstrar que quero mais, que quero me envolver, descobrir e ser descoberta, cuidar, até amar de novo.

Diferente do que acontece naturalmente no meu trato com os amigos, tornou-se difícil ser carinhosa, atenciosa, romântica. Parece uma muralha entre meu coração e a pessoa que o abala, e basta abalar para que a muralha apareça. Sinto intensamente, mas guardo pra mim...

A bronca de hoje foi essa: "Será que você não devia demonstrar o que sente? Que mal tem? Que risco corre?".

Minha resposta instintiva: "Quero tanto, mas não sei como fazer...". Incapaz de abrir meu coração, com medo.

A consciência do que está acontecendo aumenta minha 'auto'indignação. Quero encontrar a Ana que confia, que se entrega sem receio do dia de amanhã, sem medo de ser mal interpretada. Está aqui dentro escondida e a sufoco. Desejo despertá-la, mas não consigo sozinha.

Será mesmo que devo esperar que alguém ignore tudo e atravesse meus medos, minhas feridas, sem perguntar, só tomando conta??? ...Vivi algo parecido com isso e adorei a sensação... Adorei me sentir fora de mim, fora DE controle, fora DO controle.

E quem disse que eu tenho coragem de admitir?

...Mas não vai ficar assim! Prometo pra mim mesma!

O mundo sem mulheres! (Arnaldo Jabor)

O cara faz um esforço desgraçado para ficar rico pra quê?

O sujeito quer ficar famoso pra quê?

O indivíduo malha, faz exercícios pra quê?

A verdade é que é a mulher o objetivo do homem.

Tudo que eu quis dizer é que o homem vive em função da mulher.

Vivem e pensam em mulher o dia inteiro, a vida inteira.

Se a mulher não existisse, o mundo não teria ido pra frente.

Homem algum iria fazer alguma coisa na vida para impressionar outro homem, para conquistar sujeito igual a ele, de bigode e tudo.

Um mundo só de homens seria o grande erro da criação.

Já dizia a velha frase que 'atrás de todo homem bem-sucedido existe uma grande mulher'.
O dito está envelhecido. Hoje eu diria que 'na frente de todo homem bem-sucedido existe uma grande mulher'.

É você, mulher, quem impulsiona o mundo.

É você quem tem o poder, e não o homem.

É você quem decide a compra do apartamento, a cor do carro, o filme a ser visto, o local das férias.

Bendita a hora em que você saiu da cozinha e, bem-sucedida, ficou na frente de todos os homens.

E, se você que está lendo isto aqui for um homem, tente imaginar a sua vida sem nenhuma mulher.

Aí na sua casa, onde você trabalha, na rua. Só homens.

Já pensou?

Um casamento sem noiva?

Um mundo sem sogras?

Enfim, um mundo sem metas.

ALGUNS MOTIVOS PELOS QUAIS OS HOMENS GOSTAM TANTO DE MULHERES:

1- O cheirinho delas é sempre gostoso, mesmo que seja só xampu.

2- O jeitinho que elas têm de sempre encontrar o lugarzinho certo em nosso ombro, nosso peito.

3- A facilidade com a qual cabem em nossos braços

4- O jeito que tem de nos beijar e, de repente, fazer o mundo ficar perfeito.

5- Como são encantadoras quando comem.


6- Elas levam horas para se vestir, mas no final vale a pena.

7- Porque estão sempre quentinhas, mesmo que esteja fazendo trinta graus abaixo de zero lá fora

8- Como sempre ficam bonitas, mesmo de jeans com camiseta e rabo-de-cavalo.

9- Aquele jeitinho sutil de pedir um elogio.

10- O modo que tem de sempre encontrar a nossa mão.

11- O brilho nos olhos quando sorriem.

12- O jeito que tem de dizer 'Não vamos brigar mais, não..'

13- A ternura com que nos beijam quando lhes fazemos uma delicadeza.

14- O modo de nos beijarem quando dizemos 'eu te amo'.

15- Pensando bem, só o modo de nos beijarem já basta.

16- O modo que têm de se atirar em nossos braços quando choram.

17- O fato de nos darem um tapa achando que vai doer.

18- O jeitinho de dizerem 'estou com saudades'.

19- As saudades que sentimos delas.

20- A maneira que suas lágrimas tem de nos fazer querer mudar o mundo para que mais nada lhes cause dor.

...para todas as mulheres, para elas perceberem o quanto são importantes, e para os homens, para que eles lembrem o quanto as mulheres são essenciais !!!


...hummmmm... Bom ler isso em plena segunda-feira chuvosa... rs

Manterei...

Pensei em apagar alguns post's por fazerem parte de um passado que não importa mais, que não representa nada hoje, mas... teve ser espaço no passado e manterei aqui.

domingo, 20 de setembro de 2009

É pra você, Clarinha!

Inaugurei esse blog com um post especial, dedicado à minha nova fase. Nele expliquei que houve um momento, uma noite e pessoas especiais envolvidas nesse renascimento. Entre essas, destaquei uma amiga, que nem cheguei a nomear porque tinha decidido que merecia um post inteiro e muitas 'participações especiais', e não apenas uma citação.

Essa amiga é a Clara. Nome sugestivo, diria. Sua mãe sabia bem o que estava fazendo... rs

Sabe aquela 'amiga de uma amiga sua' que você encontra uma vez por ano, quando encontra, e nem tem uma opinião formada sobre ela? Então... A Clara era assim. Alguém que eu conhecia pelos olhos da minha melhor amiga. Não podia imaginar quem era na verdade, já que nossas conversas sempre foram animadas, mas superficiais.

Porém, os anos passaram e as realidades mudaram. Nós duas estávamos separadas dos respectivos e, depois do meu ano de 'luto', fiz uma festa de aniversário em casa e ela veio acompanhando a Kátia, nossa amiga em comum. Tudo começou ali. A semelhança de sentimentos nos uniu e resolvemos fazer uma limonada do limão que vida nos deu. Aceitei, com muito custo, sair com ela, me divertir, dançar, conhecer gente nova, sacudir a poeira. Não dá pra colocar no papel quantos dias, noites, finais de semana e feriados se sucederam depois disso, nem é bom pensar na conta financeira envolvida! rs Sei apenas que ela se tornou muito mais do que uma amiga de balada, se tornou uma irmã de coração, parte importante da minha história, em quem confio momentos e reflexões dos mais pessoais.

Descobri que a Clara é transparente para quem está disposto a conhecê-la. É acolhedora, companheira, interessada. Não é daquele tipo de amiga que você deixa passar e ficar no esquecimento. Impossível! Ela faz uma falta danada!!! Não é companheira apenas dos momentos bons, é parceira nos momentos difíceis. É corajosa, sincera, honesta e firme. Vocês não imaginam quantas broncas já ganhei e quantas ela aceitou receber de mim até hoje! Se tivesse quilometragem pra conversa, já teríamos rodado o mundo todo e não abriria mão de nenhum assunto.

A Clara é minha cúmplice. É um dos mais preciosos presentes que a vida me deu.

Algumas perguntas sempre nos tiram o sono e o fantástico é que não descansamos até encontrar as respostas mais prováveis juntas, mesmo que pareçam absurdas. Sai cada teoria...!!! rs Freud vira criança perto da gente!!! rs Questionamos o mundo, o trabalho, os relacionamentos, as pessoas, as atitudes, inclusive as nossas. Pensamos sobre tudo que nos acontece e descobrimos ângulos diferentes das experiências que vivemos! Nosso senso crítico só nos beneficia e nos faz crescer. Ela é uma amiga que acrescenta.

Não somos iguais, somos parceiras e nos respeitamos. Isso é mágico.

Sexta-feira, logo que sai do trabalho, ainda no metrô, tentei ligar para o seu celular. Estava sentindo sua falta e a necessidade de conversar com alguém que me aceita como eu sou. Não consegui. Mandei um torpedo e fiquei o final de semana todo pensando... Não sabia o porquê até que ela me ligou hoje, com a voz sentida, anunciando que ia me contar algo que me deixaria atordoada. É... fiquei mesmo...

Ela sofreu um acidente de carro ontem, voltando de um compromisso de trabalho no interior. Só o início dessa notícia fez meu coração acelerar e tive que me sentar porque as pernas perderam as forças. A frase seguinte me fez retomar a respiração. Foram poucos segundos entre ouvir o que houve e assimilar que tudo estava bem com ela e com a Simone, que a acompanhou na viagem. Nesse rápido intervalo, mil coisas passaram pela minha mente enquanto meus olhos desprendiam lágrimas que misturavam dor e alegria. Assim que consegui pensar, só pude dizer: "Meu, já disse que te adoro?!". Ela riu e me contou que enquanto o carro virava, pensava que ia morrer sem falar comigo!!! ...Desculpe, mas... PUTA QUE PARIU!!!... Depois de uma declaração dessa só posso dizer que minha vida é a mais maravilhosa de todas, que não existe ninguém que tem tanto para agradecer. Falei que ela deve pensar assim também porque é muito amada e só a possibilidade de perdê-la, de não ver e falar mais com a minha amiga, abre um buraco no chão... Incrível como a gente aprende com as pessoas, como se apega, como inclui uma amizade no topo das nossas prioridades! Maravilhoso como isso acontece comigo e com as pessoas que escolhi para serem importantes pra mim... são as minhas melhores escolhas!

Olha, Clarinha... Acho que já te disse tudo que penso a seu respeito, pessoalmente, mil vezes, e muitas coisas não posso publicar... rs... mas agradeço todos os dias por você fazer parte da minha vida. Você e a Si foram protegidas e isso é motivo de festa!

Obrigada pela amizade, pelo carinho, por se lembrar de mim num momento extremo, pelo medo que teve ao pensar que queria me convidar pra essa viagem e não conseguiu... Eu poderia estar no banco detrás... No final, todas nós fomos protegidas, não é?

Obrigada, amiga... e a vida que nos segure!!! rs

Te adoro D+!

Ah! Outra coisa... A senhorita está PROIBIDA de me dar esse tipo de susto, sacou??? rs

"Senti que ela queria"

Recebi um comentário e decidi quebrar o roteiro dos post's.
Primeiro, queria dizer a Kelly que não precisa colocar nome completo nem dizer de onde é. Você também é inesquecível. Não precisa de apresentações.

Falava ontem das minhas histórias e quando disse das 'feridas' me lembrei da história que contarei abaixo. A Kelly, que postou o comentário, viveu comigo muitos momentos maravilhosos e me acompanhou em outros bem tristes. Porém, esta acredito que nem conheça do meu prisma...

...

Era dia dos namorados, há uns 5 anos atrás. Três casais na sala assistindo "Hulk". Não era o programa mais romântico do mundo, mas como sou um pouco 'menina-moleque' estava me divertindo. Eu era a mais velha da turma. Namorava um rapaz mais novo, assumi seus amigos como meus e criei meus próprios vínculos com cada um. Hoje chamaria aquelas meninas carinhosamente de "monstrinhas"! rs Me via nelas... Já tinha passado daquela idade e gostava de acompanhar seus caminhos de perto. Eram lindas, decididas e fortes. Os meninos também eram lindos, mas não tão fortes e bem pouco decididos. Eram sim amados e muito.

De repente, tudo mudou! Um deles saiu sem dar explicações e logo voltou com vendas para os nossos olhos. Nos colocaram no carro e nos levaram em silêncio. Nem preciso dizer o quanto estava brava! Só de pensar que nosso destino poderia ser restaurante ou um lugar mais sofisticado, sem nos dar chance da tão cara produção feminina, fiquei perturbada. Descemos do carro, nos conduziram até um lugar fechado e quando nos tiraram as vendas, estávamos na sala de jantar da casa de um deles. A mesa produzida, cheia de flores, velas, guardanapos e mensagens escritas em corações de papel espalhados por todos os ambientes. O perfume do jantar já tomava conta. Diziam ter preparado tudo sozinhos, o que não era verdade, mas não importava. Parecia um sonho... Lindo, perfeito... As horas que se seguiram foram pautadas por muitas declarações de amor... O clima era até juvenil, de um romance inocente.

Nossos olhos brilhavam com as lágrimas de alegria e surpresa. Cada um fez sua homenagem e um dos rapazes tirou do bolso uma caixinha, contendo um par de alianças. O clima ficou ainda mais doce e feliz... mas meu coração se despedaçou... Chorei, não consegui explicar e o meu namorado não conseguiu descobrir a razão.

Alimentei um sonho durante muito tempo. Sonho infantil, podado pela maturidade, pela coerência, por achar que não deveria pedir nada e sim deixar acontecer. Sonhava com uma aliança. Já namorávamos há mais de 3 anos, tínhamos planos concreto de casamento, mas esse 'detalhe' me fazia falta... Coisa de mulher, acho.

Lembro que dias depois procurei aquele rapaz, que na época tinha menos de 18 anos, e perguntei porque a presenteou com uma aliança se fazia tão pouco tempo que estavam juntos e eram tão novos. A resposta foi clara: "Senti que ela queria". Ele não era nenhum príncipe encantado, só estava atento aos sonhos de menina da sua namorada...

Esse sonho morreu em mim naquele dia.

...

É... Essa é uma das minhas feridas escondidas. Felizmente, irrelevante...

sábado, 19 de setembro de 2009

Afinidade

Saudade deste texto...

Afinidade não é o mais brilhante, mas o mais sutil,
delicado e penetrante dos sentimentos.
É o mais independente.

Não importa o tempo, a ausência, os adiamentos,
as distâncias, as impossibilidades.
Quando há afinidade, qualquer reencontro
retoma a relação, o diálogo, a conversa, o afeto
no exato ponto em que foi interrompido.

Afinidade é não haver tempo mediando a vida.
É uma vitória do adivinhado sobre o real.
Do subjetivo para o objetivo.
Do permanente sobre o passageiro.
Do básico sobre o superficial.

Ter afinidade é muito raro.
Mas quando existe não precisa de códigos
verbais para se manifestar.
Existia antes do conhecimento,
irradia durante e permanece depois que
as pessoas deixaram de estar juntas.
O que você tem dificuldade de expressar
a um não afim, sai simples e claro diante
de alguém com quem você tem afinidade.

Afinidade é ficar longe pensando parecido a
respeito dos mesmos fatos que impressionam,
comovem ou mobilizam. É ficar conversando
sem trocar palavras. É receber o que vem do
outro com aceitação anterior ao entendimento.

Afinidade é sentir com. Nem sentir contra,
nem sentir para, nem sentir por, nem sentir pelo.
Quanta gente ama loucamente,
mas sente contra o ser amado.
Quantos amam e sentem para o ser amado,
não para eles próprios.

Sentir com é não ter necessidade de explicar
o que está sentindo. É olhar e perceber.
É mais calar do que falar, ou, quando é falar,
jamais explicar: apenas afirmar.

Afinidade é jamais sentir por.
Quem sente por, confunde afinidade com masoquismo.
Mas quem sente com, avalia sem se contaminar.
Compreende sem ocupar o lugar do outro.
Aceita para poder questionar.
Quem não tem afinidade, questiona por não aceitar.

Afinidade é ter perdas semelhantes e iguais
esperanças.
É conversar no silêncio, tanto nas possibilidades
exercidas quanto das impossibilidade vividas.

Afinidade é retomar a relação no ponto em que
parou sem lamentar o tempo de separação.
Porque tempo e separação nunca existiram.
Foram apenas oportunidades dadas (tiradas) pela
vida,
para que a maturação comum pudesse se dar.
E para que cada pessoa pudesse e possa ser,
cada vez mais a expressão do outro sob a
forma ampliada do eu individual aprimorado.

autor desconhecido

Críticos!!!

Que fantástico: TENHO CRÍTICOS!!! Pena serem covardes. rs

ADORO críticas, mas deixem seus contatos. Estou aprendendo e é pra isso estou aqui. O anonimato na internet é muito vazio... e cômodo.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Coleciono história, a minha própria.

Dizer dos meus privilégios soa como arrogância, mas tenho tantos e tão incríveis... Não devo negá-los! Repito para quem quiser ouvir que o dia que encarar o fim da vida não terei o direito à tristezas, somente à agradecimentos.

Sim... tenho mágoas, ressentimentos, feridas na alma, sonhos não realizados. Não os escondo nem os nego. Reconheço seu valor na construção do meu caminho. Somente através deles pude ter a percepção do que é essencial e único, e me tornei capaz de viver o dia, tirando dele aquele silêncio que só a felicidade plena nos permite. Cometi erros, mas passaria tudo novamente, quantas vezes fosse necessário.

Agradeço porque tenho oportunidade de viver histórias maravilhosas... para lembrar, contar, escrever, sonhar... Para mim, isso é viver!

Não há uma coisinha siquer que guardo que não tem uma história... de amor, de carinho, de amizade, de coragem, de paixão. Objetos transformados em símbolos, amuletos, frascos com a essência de um momento.

...Fotografias na parede contam alegrias, aventuras e ousadias. Os traços descrevem os sentimentos mais íntimos sem uma palavra siquer.
...Roupas que não canso de usar porque são figurinos do maior dos teatros.
...Agendas em caixas fechadas, escondidas de mim.
...Pedaços de papel dobrados e envelhecidos com os segredos do meu coração, com os sonhos que vivi e com a realidade que sonhei.
...Um quadro, uma amizade cúmplice, uma vida que se foi e deixou a beleza numa imagem sensual, mergulhada em misteriosas reflexões.
...Um dragão que não é meu, mas que guarda o que tanto quero.
...Livros, CD's e DVD's com dedicatórias - escritas ou não.
...Duas espadas, duas histórias, dois amores.
...Presentes que carregam energia e poder.

Coleciono história, a minha própria. Se não posso ter um objeto que represente a felicidade vivida, fecho os olhos e deixo que as imagens sejam impressas no meu coração, vez após outra, tornando-se impossível de esquecer.

Sinto que muito ainda não aconteceu... A história não acabou. Cada dia é um papel em branco. Talvez por isso acredite nos sonhos... Porque é neles que desenho minha realidade, aos poucos, com cuidado, riqueza e profundidade. Acontecendo ou não, atribuiem brilho aos meus olhos, e me ajudam a encarar cada instante como importante, como um traço meu.

Quem sou eu senão minha história? É o que mais amo e prezo. É o que faz de mim a mulher que sou. Como não valorizar isso com todas as forças?

A benção suprema seria tornar eternas algumas dessas histórias, com a sucessão de outras igualmente intensas, com a mesma pessoa. Isso sim eu sonho! Ter momentos tão sublimes sempre ao alcance das mãos... De forma a poder tocar, cuidar, amar, pra sempre, sem limite e sem receio.

Viver o amor em plenitude com aquela leveza de quem acredita que nunca vai acabar. Utopia talvez... Mas quem nos impede de sonhar?

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Simbiose

Existem duas Anas. Talvez, mais... hummm... Façamos de conta que são apenas duas. Sinto-me capaz apenas de falar da relação Razão x Emoção; relação 'simbiótica', onde uma alimenta e limita a outra.

A Ana Racional parece mais simples, diria até prática. A parte de mim que aprendeu com as feridas da vida, minhas próprias e das pessoas que amo; que se protege, analisa e afasta o perigo, se necessário. É quem toma as decisões e diz o que deve ser dito porque é o correto. Esta enxerga o mundo como é, sem máscaras e fantasias, e aprisiona a outra - da emoção - nesta visão real e dura. É uma prisão que cobra uma postura sensata, coerente, sóbria, discreta. Esta é a Ana que a maioria esmagadora conhece, convive, segue e admira. O conforto social é um de seus objetivos. Controla bem os problemas mais complexos e consegue se manter firme às convicções.

Mas a vida seria previsível demais se apenas 'ela' existisse!

A Ana Emocional vem sempre para bagunçar o coreto e como bagunça! Esta sente tudo! Tudo é palpável, possível e ilimitado. É como um sonho que a gente acredita tanto que parece real. É livre, feliz, desprovida de pretensões. É meu cavalo selvagem que quer descobrir o mundo sem medo. Quando ela está no comando, tudo flui como se não existisse o dia de amanhã. O mundo concentra-se naquele momento único que, na verdade, é o que temos efetivamente já que não há certeza de nada no instante seguinte, nem da própria vida. Esta é a Ana que vive, ama, sonha, acredita! Mergulha em fantasias como qualquer outra mulher, fascinando-se com os pequenos detalhes, guardando sentimentos e sensações só seus. Essa é a Ana que poucos conhecem... Talvez somente os mais íntimos, os que me descobrem entre quatro paredes. Privilegiados ou expostos? Não sei...

Fascinante é a interação das duas!

Quando uma sofre - e ambas passam por isso -, a outra entra em ação para salve-me. Se me colocar no divã, entenderei bem essa reciprocidade já que aprendi que só posso contar comigo mesma... A Emocional não gosta disso, quer que fosse diferente. Acredita que deve contar com as pessoas que dizem me amar, me apoiar. Deseja a todo instante viver momentos que provem que a Racional está errada. Porém, quando chega a tristeza e a decepção... me rendo. Assim, quando os caprichos do coração acabam em lágrimas, a Racional logo chega e coloca a 'casa em ordem', paciente, organizada, incansável. E na maioria das vezes acontece mesmo assim: a Emocional resolve viver intensamente e a Racional chega pra manter a sobrevivência quando a aventura torna-se perigosa demais, lembrando que a vida não pára esperando que eu me levante.

De outro prisma, a Ana Racional faz planos, analisa, escolhe, classifica pessoas em diversos grupos, cada um administrado por uma porção de regras do grupo em que está inserido. Passa muito tempo em paz, estável e sem problemas dispensáveis, mas perde a alegria com o tempo... Não consegue bastar-se.

Como toda relação, existe a Zona de Conflito: os medos da Razão que a Emoção adora sentir. Mesmo disfarçados, são os desejos mais queridos, mais cultivados. Isso gera uma linha tênue entre os dois universos e a transição pode ocorrer em segundos! Um toque inesperado pode despertar a Emoção mesmo quando a Razão está reinando e, de repente, mudar tudo! O contrário também é verdadeiro... Uma atitude ambígua pode colocar a Razão no comando mesmo quando estou no alto das nuvens e dos sonhos.

Somente com o equilíbrio dessa loucura sou capaz de perdoar e entender as atitudes mais improváveis e suas motivações. É desta forma que me desprendo do que não me faz bem mesmo quando o amor domina meu coração ou invisto em histórias que me façam crescer mesmo fora dos padrões. Tudo isso seria imperceptível aos demais se não fossem meus olhos, meus traidores. Eles revelam a verdade e quem sabe interpretá-los conhece minha essência - feliz ou infelizmente, são poucos.

Essa simbiose pode parecer insana até que você olhe para dentro de si e descobra que todos somos idênticos... De perto, todo mundo é louco...

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Sementes...

Tenho muitos textos perambulando entre um pensamento e outro. Os ares do Rio carregavam sementes de idéias e sensações... Dias de quebra de paradigmas e de muitos, diria.

Alguns conceitos são tão profundos que o correto e gostoso é mantê-los assim, em segredo, vivendo e revivendo entre lembranças e imagens desordenadas. Outros serão compartilhados como parte da uma experiência nova, inesperada, improvável, imprevisível.

Quando os rabiscos sairem das folhas de papel, os postarei aqui...

Cristal

Ganhei um cristal há uns 6 anos atrás. Está aqui na mesa. Nunca sai do meu raio de visão para lembrar o que representa.

Lembrança de um casamento inesquecível e de significado simples: mostrar como a beleza de todas as coisas está no tempo que dedicamos a elas, que um cristal só fica assim tão delicado e perfeito depois da pedra original desforme sofrer muito tratamento e até draumas. Nada é simples e o desafio é valioso.

Ao contemplar esse pequeno pedaço de cristal com flores esculpidas, penso em mim e nas coisas que aprendi. Porém, hoje aplico esta idéia na minha vida profissional... Quanto a colocar na balança e avaliar seu resultado diante de cada atitude! Tanto para repensar e remoldurar na minha história...

Há muito o que aprender sempre e isso é fantástico! E uma longa lista desenrola-se nos meus pensamentos...

Vale o desafio!

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Rumo ao Rio de Janeiro...

Minha 2ª visita ao Rio de Janeiro...

Destino: Barra da Tijuca.
Objetivo principal e agradável: Bienal do Livro
Objetivo secundário e não menos importante: Respirar outros ares, ver belas paisagens, pensar sozinha, rever pessoas que moram no meu coração, viver... e me sentir viva.

Se os rumos não tivessem sofrido alterações ontem, esta viagem seria mais uma fuga. Hoje tem outra conotação. Tem ares de reflexão... É minha busca: Paz, Harmonia e Sabedoria.

O trabalho é o que me leva ao Rio, mas meu coração é que pede descanso...

Mereço, espero.

domingo, 6 de setembro de 2009

Por que em um blog?

Surpresa! A reação ao saber que tinha um leitor foi de surpresa! Depois do primeiro "choque", tentei argumentar dizendo que escrevia para mim mesma, na tentativa de me encontrar, me encarar, não para os outros. Surpresa novamente! A resposta do "meu querido Peter" me obrigou a repensar e o texto que se segue é resultado dessa reflexão...

...

Se não escrevo para que os outros leiam, por que escrevo em um blog? Deveria escrever e guardar no computador ou numa gaveta qualquer. Se realmente rejeitasse meus textos ou desejasse esconder o que penso e como penso, não os publicaria ao alcance de um clique. Notei que, mesmo que discreto e até camuflado, o link do blog segue em emails, twitter, orkut... Se não quero ser lida, por que deixei a porta aberta?

Parti do princípio que não convidaria quem quer que fosse para ler o que escrevo, nem meus amigos mais íntimos, e me mantive fiel à esta idéia. Não disparei emails com "leiam meu blog" ou "me diga o que acha". Acreditava que alguém só clicaria naquele link escondidinho se existisse real interesse pelo que penso e se fosse amante do mundo das idéias. Minha fantasia foi essa e embarquei numa liberdade de texto que me faz bem.

Porém, sentindo-me exposta, pensei que o blog estava fadado ao fracasso, que a perda do anonimato me faria recuar. Questionei até que ponto desejo ser conhecida, até que ponto me importo com o que pensam de mim. Pensei se temo ser mal interpretada e julgada... e lembrei que sempre vivi preocupada com isso, focada em ser exemplo e esquecendo do que sou, do quanto gosto da pessoa que me tornei com o passar dos anos.

O resultado é lúcido: Continuarei respeitando meus pensamentos e escrevendo sobre o que trago no coração, independente de ser lida ou não, e pouco importa por quem. Não posso me limitar e nem quero. Mesmo que amanhã não me reconheça no que escrevi, há sim uma razão para tal, há um momento certo para cada linha.

Quero lutar por isso... esta sou eu! A Ana que escreve é a Ana que gostaria de ser 100% do tempo. Sempre foi às letras que desejei me dedicar. Agora que esta certeza carrega meus dias, não desistirei. Ao contrário! E...

...É neste "contrário" é que mora o perigo!

Um telefonema não deveria provocar tanto questionamento, mas foi inevitável. Primeiro, porque é fascinante conversar com quem te estimula o raciocínio, que possui visão crítica da vida e emite uma energia tão positiva e profunda que te faz reagir das trevas em que se encontra por total falta de tempo de ser você. Segundo, porque despertei como mágica para a idéia adolescente de ser escritora, de viver uma história tranquila, junto à natureza, numa cabana rodeada de verde, tendo como trilha sonora o som das águas desenhando seu caminho nas pedras... desenvolvendo a mente para coisas profundas e grandiosas, até alimentando a vontade de mudar o mundo... sendo feliz na simplicidade que sempre acreditei e que perdi na correria maluca dos dias...

Será que a idéia era tão adolescente assim?

Tenho dois livros, literalmente guardados na gaveta, escritos à mão, em cadernos de escola. Um deles é mais especial, nascido dos meus 17 anos, e esses dias me lembrei que a personagem principal é uma escritora, amante da natureza e dos esportes de aventura, mãe, esposa, sonhadora. Não era o meu próprio sonho? Onde o perdi?

Hoje sai da rotina, viajei alguns poucos quilômetros e parei... tudo que precisava para responder algumas perguntas que me cobram atitude. Estava num lugar de ar perfumado e leve, com cheiro de eucalipto e mato molhado, uma paisagem tranquila, um lago de um azul que se impunha ao céu cinza e chuvoso. Poucos segundos foram suficientes para pensar: Atrás do que ando correndo? Exatamente por que anestesio minha mente com tantas atividades que não me fazem feliz? Abri mão do ócio criativo, da reflexão, do mergulhar em mim, do contato com Deus e com a natureza, trocando tudo isso por um ritmo sem freio, atrás de quê? Fico pensando porque resolvi me esconder durante 4 anos...

Quando você escolhe agir como os outros, acredita que vão te aceitar por isso. Mesmo sendo tão crítica desde criança e acreditando que o diferente é bom, vivi uma crise pessoal que me fez querer ser igual, para não assustar, eu acho. Só que não adiantou. Assusto sim! Sou diferente. Não deveria ter vergonha disso.

Não quero esse padrão de vida que me aprisionou. Minhas necessidades são simples demais e nelas vejo beleza. Trabalho é honra, é valor, mas não deve manipular a nossa vida. Amo trabalhar, sou fascinada por produzir e alcançar resultados posivitos. Sou do tipo que dá tudo de si numa missão, mas meu trabalho não é mais missão e é preciso coragem para admitir isso. Sou apaixonada por tudo que faço e quero viver assim até o final dos meus dias. Quando o trabalho vira um martírio e uma coleção de decepções - com os resultados, com as solicitações e com o sistema -, é hora de parar e mudar. O trabalho deve dar prazer, estímulo, desafio, conforto e segurança, e deve estar numa escala de prioridade abaixo do amor, da família e da saúde. Nunca antes deles.

O que farei? Mudar.

Mudar por mim, pela minha saúde psicológica e física, pelas pessoas que amo, pela minha missão de vida. É isso que vou fazer.