Ana... na real!: Observando... e sendo observada.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Observando... e sendo observada.

Desde criança observo pessoas. Mania de buscar traços de personalidade, entender atitudes, aprender, admirar. Era notória minha necessidade de construir modelos; exemplos principalmente masculinos. Queria plantar em mim a esperança, a contemplação. Tive sorte! Encontrei muitos a quem admirar. Professores, instrutores, amigos, colegas de trabalho.

Nos últimos anos, tenho também senseis, meus mestres em arte marcial. Entre todos, com histórias de vida fabulosas e dotados de dons sublimes, hoje destaco um...

É o mais velho de nós... e o mais terrível! Médico-cirurgião, professor de sua especialidade e um ávido estudante dos mistérios do universo. É intenso, extremo. Chego a pensar que é bipolar ou, simplesmente, louco. Vai do amigo quase pai ou carrasco impiedoso em segundos. É um teste. Sua existência mede comprometimento, talento, coragem, força, lealdade e limites físicos e intelectuais. Literalmente me dá surras inexplicáveis, além das lições humanas. Dotado de um poder de persuasão fora do comum, me estimula a pensar de formas tão ousadas que amplia minha visão, saindo das teorias sociais para o pensamento livre.

Ah! Ele é humano e faz muita besteira também. Não é perfeito, mas é real.

Ontem depois do treino, peguei uma carona e conversamos sobre os locais do mundo que acabou de visitar, sobre a energia que têm e a história que carregam. Meus olhos brilhavam e ele me encarou dizendo que eu aproveitaria cada passo nesses lugares com mais profundidade do que a maioria. Eu sentiria...

Ele, assim como meus outros senseis, me vêm não apenas 'na real' como também 'no limite'. É inestimável conviver com um homem assim - experiente, profissional, estudioso, pai e amigo -, que busca conhecer as pessoas além do que mostram e tem coragem suficiente pra dizer a verdade como ela é, mesmo que incomode ou ofenda. É tão fiel ao que pensa que não se importa com convenções.

Sabe...? O mágico do aikidô é que dentro do tatame você é essencialmente você. Não há espaço para dissimulações, influências profissionais ou políticas. Ali descalço, vestido como todos os outros, suando, sentindo e provocando dor, chegando aos limites do próprio corpo e do ego, todo ser humano é transparente. Assim como se conhece o homem quando lhe dá poder, se vê a alma quando lhe tira as vantagens e as proteções. Todos começam esbarrando no próprio orgulho e, se tiverem coragem, evoluem encontrando a autoestima e o autoconhecimento. Talvez por esta razão, os relacionamentos nascidos no tatame sejam tão poderosos. Nascem da verdade, da essência.

É... existem outros como eu, que observam...

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