Ana... na real!: setembro 2010

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Engano dos Contos de Fadas

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Estava aqui pensando num livro que me surpreendeu (Governe Seu Mundo)... Fala justamente do perigo da esperança. Sonhamos muito, criamos expectativas. Acontece naturalmente, mas penso não ser (totalmente) nossa culpa. O problema está lá no começo, na construção do indivíduo...

Quando crianças, absorvemos tudo: o que vemos, ouvimos e vivenciamos. Somos verdadeiras esponjas emocionais. Reagimos aos estímulos. É instinto. Acreditamos nos modelos que nos apresentam e nem temos capacidade de desenvolver uma visão crítica sobre isso. Essa visão vem muitos anos depois ou (para alguns) nunca vem.

O que esquecemos é que nem sempre o que nos ensinam é o certo e quase nunca é o real. É gostoso viver a época das fantasias, dos contos de fadas, do lúdico? É... Até é... Mas o perigo pro futuro é muito maior do que o prazer momentâneo. Alguém tinha que dizer que "aquilo" é só uma estória, que a realidade é diferente, que Príncipe Encantado, Papai Noel e Coelhinho da Páscoa não existem, que para conseguir as coisas na vida precisamos batalhar muito, "ralar o cú na ostra" (como diz uma amiga minha... rs), nada caí do céu e, se cair, é preciso estar muito atento... afinal, ou é engano ou é uma rara oportunidade. Não acredito que a verdade afetaria tanto o imaginário infantil já que a criançada inventa brincadeira de tudo mesmo!

Meninas crescem sonhando com o príncipe encantado, achando que uma música romântica vai tocar ao fundo quando o ver pela primeira vez e que viverão felizes para sempre, num castelo encantado; isso sem falar nessa mania besta de brincar de casinha (nem todas...rs) e no estímulo constante ao consumo. Meninos crescem treinando para serem "Dom Juan", competindo em tudo desde os primeiros anos, valorizando quantidade, tamanho e falação (nem sempre acompanhada de verdade). Dá pra entender que uma coisa não encaixa na outra? Dá pra sacar que tem alguma coisa errada nas expectativas criadas desde antes de termos consciência do que quer que seja?

Homens e mulheres atrás de histórias que não se encaixam. Esperando dos outros o que estes não podem dar. Por que não podem dar? Porque não é assim, oras! Relação nenhuma é perfeita, e sim real, possível. Quem vive esperando o perfeito, não vive, se engana.

Mulheres reclamando do futebol, do videogame, dos comentários sobre os "quadris" avantajados na tv, da cerveja e dos happys da vida. Homens reclamando das novelas, dos filmes de mulherzinha, dos silenciosos olhares para os gostosões da tv, da comida saudável e dos encontros de família. O que é importante fica de lado no meio de tanta bobagem. Adianta reclamar, povo? Que tal respeitar as diferenças e os espaços? Que tal aprender no lugar de afastar? Será tão impossível assim conviver com prazer, sem mil pedras na mão?

O homem da sua vida não chega num cavalo branco e muitas vezes nem se parece com um cavalheiro e, se esse papo de "homem da vida" existe, ele não é um resultado de boa pontuação na sua "lista de exigências". Ele é, sim, o homem que te faz contemplar o mundo de um jeito mais feliz, mais leve... é alguém que acrescenta, que completa... que compartilha dos seus planos e os respeita... que caminha do seu lado, não na sua frente ou atrás de você... que está olhando na mesma direção... Ah! Ele vai pisar na bola com você um montão de vezes e você terá que decidir se mesmo assim ele te faz bem de verdade. Isso é real. O restante é papo-pra-boi-dormir.

Se a mulher que você busca é perfeita... Sinto dizer, mas ela também não existe. Princesas encantadas não existem. Não somos todas lindas, gostosas (e mudas - como alguns tanto desejariam). Ela pode ser, sim, uma mulher disposta a te dedicar amor e cuidado... que escolheu você (e não um montão de vocês)... alguém que te faça bem... que te faça sentir importante... alguém que se interesse pelo seu mundo e não se importe de encarar tudo do seu lado... que te ajude a crescer e não te empurre pro fundo do poço por puro prazer. Ah! Temos um milhão de momentos que nem nós mesmas nos suportamos, que o limite chega. Nem sempre dá pra tirar vocês da jogada para que não sobre nenhuma farpa. Eu posso dizer que tento, mas nem sempre consigo. Imagina o montão de mulheres que nem se toca que precisa, ao menos, tentar?

Só que mesmo com tudo "errado", as pessoas se completam, precisam umas das outras, buscam a felicidade o tempo todo, e o desafio é ter sabedoria o suficiente para identificar quem te faz melhor, quem é o homem ou mulher que faz sua vida mais alegre, que nota quando você precisa de um carinho no rosto, de um beijo na boca ou de um simples "você está linda(o)" ou "obrigado(a)", que vai te ajudar a construir um futuro feliz, mesmo sabendo que os espinhos vem junto com as flores... e que não tenha medo disso!

Não precisa ser muito inteligente hoje para sacar que as diferenças entre homens e mulheres não são mais tão evidentes. Não existem mais "erros masculinos" e "erros femininos", "trabalho de homem" e "trabalho de mulher". Todo mundo sai de casa pra trabalhar, para se divertir e tem liberdade de fazer escolhas e aguentar as consequências. Todos querem esse "privilégio", mas não querem a responsabilidade que ele acarreta. Os resultados não são mais tão previsíveis. Você pode sim pisar na bola com alguém que te ame, mas não pode mais esperar que o resultado seja o simples perdão. As "mulheres de malandro" estão em número bem reduzido se comparado há décadas atrás. As pessoas querem ser bem tratadas, amadas, cuidadas, respeitadas. Não humilhadas e traídas. Ninguém precisa disso.

Não pensem que fujo a todas as regras. Não fujo não. Também quiseram me ensinar essas baboseiras de contos de fadas e eu até me esforcei para acreditar um pouquinho nelas, afinal, era "padrão". Só sou um pouco diferente porque a minha realidade nunca combinou com aquelas estórinhas sem-pé-nem-cabeça. Logo cedo a vida fez questão de me provar que não era cor-de-rosa. Tive que escolher pegar os potinhos de tinta colorida, por conta própria, e colocar alegria no meu caminho. Foi o que fiz e faço até hoje.

Esse papo de que "os homens (ou as mulheres) são todos(as) iguais" é só um jeito diferente de dizer que não quer fazer SUA PARTE. As pessoas não são iguais, em nada. Cada um carrega uma história de vida diferente e isso vai afetar, inevitavelmente, suas atitudes e decisões. O problema é que as pessoas só pensam em si mesmas, só buscam seus próprios interesses, e não tem disposição para observar e se doar ao outro. Só querem receber, ter, possuir. Não querem compartilhar, construir, aprender.

Eu quero aprender... sempre... inclusive a ser uma pessoa melhor. O crescimento é meu.

Curto estar ao lado de gente diferente de mim, que teve uma criação diferente da minha, que construiu seu caráter em circunstâncias diferentes... É sempre um mundo novo que se abre na minha frente, mesmo quando eu não o entendo plenamente. É o mundo real, mesmo que não seja exatamente o mundo que conheci num primeiro momento.

O fantástico é amar e ser amado fora dos padrões de perfeição. Amar em via de mão dupla. Amar sabendo que o ser amado é imperfeito e você o ama assim mesmo e quer ser melhor para fazê-lo feliz. Amar quem é (ou parece ser) perfeito e quando tudo vai bem é tão fácil... só que é ilusão. A vida não é fácil, nem simples. Amar é pra quem tem coragem. Coragem sim, inclusive para ir contra os ditos da sociedade, os formatos pré-moldados. Amar é passar por tudo juntos com respeito pelas necessidades e sentimentos do outro, mesmo quando é difícil.

Acredito, de verdade, que as pessoas teriam menos marcas de sofrimento se vivessem atentas a realidade sua e do outro... Posso estar errada? Posso... Só tenho certeza absoluta que todo mundo quer ser feliz e isso só é possível na vida real.

Mas... e se você não está feliz? Se os defeitos são mais fortes do que as qualidades? Se todas as cartas já estão na mesa e nada muda? Vira a página e segue pra descobrir o que o próximo capítulo te reserva. Não se prenda a uma página de tristeza. As palavras não se soltam do papel para formar outras frases só porque você precisa.

Contos de fadas são contos, delírios, não verdade. A vida está aí, na sua frente, no seu presente, e o agora é o único momento que você tem pra mudar alguma coisa.

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Nossa Cor Marrom, por Cinthya Nunes

Compartilho o texto da minha amiga Cinthya, a mais nova faixa marrom do nosso dojô. Belo e verdadeiro texto. Parabéns! A mamãe-monstro aqui está muito orgulhosa de vc! rs



"Há exatos três anos eu resolvi me aventurar pelo mundo das artes marciais, coisa que eu nunca fizera antes. Embora não fosse nem de longe uma pessoa sedentária, eu jamais experimentara nada parecido.

As primeiras aulas pareceram deixar claro que eu tinha sérios problemas no quesito “coordenação motora em movimento”. Eu até que já deveria ter me convencido disso quando minhas aulas de jazz não demonstraram uma carreira propriamente promissora, mas eu estava estranhamente determinada a não me deixar desanimar, a não desistir.

Com as minhas habituais dificuldades quanto à noção de espaço, eu cometi muitas gafes, recebi alguns apelidos, falei demais, acertei de menos, mas nunca deixei de comparecer aos treinos, de buscar entender o que é que me mantinha ali, o que tanto me fazia gostar do aikido. De início, minha atenção, equivocadamente, direcionou-se para as faixas que eu teria que conquistar, bem como quanto tempo isso me custaria.

O tempo foi passando e eu fui persistindo. Faixa por faixa, fui avançando no meu aprendizado, no meu Budô (Caminho). O que fui aprendendo nesses anos, contudo, foi exatamente o contrário do que eu esperava. Em alguma medida eu me tornei mais corajosa, mas não no sentido da valentia, da violência, da bravata. Passei a ter mais confiança em mim, porém não pelo fato de que agora, potencialmente, eu poderia ser capaz de me defender ou de machucar alguém...

O que me municiou desses sentimentos foi o percurso. Na verdade, é o percurso. Percurso que não se finda em conta de faixas ou de anos, mas de passos e do olhar que se aprende a dar a eles. Descobri foi é que sou capaz de superar os meus próprios limites. O dos outros não tem importância. Nada me significa, a não ser pelo respeito, o fato de ser pior ou melhor do que alguém, sob a ótica das técnicas ou da graduação.

Percebi, na prática, que não dá para sabermos se somos ou não capazes sem que ao menos tentemos. Aprendi que sempre há mais um passo, mais um pouco de tempo, mas um pouco de fôlego, mais uma lição a ser assimilada. A cada dor sentida em um golpe, eu julgava ter chegado ao limite, mas no próximo golpe meus julgamentos iam irremediavelmente abaixo. Entendi que às vezes precisamos dar pausas, esperar que as dores nos deixem ou que passemos a dominá-las. Entendi que não adianta ir com sede demais à fonte, e que, na maior parte das vezes, o sucesso é a conjugação da vontade com a persistência...

Também aprendi que o talento, sozinho, é só uma face, mas não a moeda. Não se pode desperdiçá-lo, eis que ele cobra seu tributo. Perdi o medo dos desafios, porque entendi que, no máximo, posso não conseguir, mas não me permito mais a inércia, a ausência de passos... Entendi que quem pode se defender tem o dever moral de evitar, de prevenir.

Nessa semana fiz meu exame para faixa marrom. De repente eu tive a sensação de que o tempo passou rápido demais... É fato que não sou a mesma que um dia amarrou na cintura uma faixa branca, mas, curiosamente, nunca me senti tão paradoxalmente perto e igualmente distante, da faixa preta..."

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Mais coisas entre o céu e a terra...


"Existem mais coisas entre o céu e a terra do que sonha nossa vã filosofia." Hamler, de William Shakespeare.

Queria mesmo ficar queita, mas não consigo. Olha que ando exercitando a arte de ficar calada até com um certo sucesso. Não foi à toa que Deus nos deu dois ouvidos, dois olhos e uma única boca. É pra ouvir e observar mais do que falar - tarefa difícil para 99,99% da população feminina mundial. Só que hoje não dá...

Sempre acreditei na frase acima... Talvez por isso o questionamento constante seja uma das minhas características naturais. Sou do tipo que incomoda. Questionar conceitos socialmente aceitos incomoda, bater de frente com as atitudes ditas "normais" incomoda, mostrar que está atenta a tudo e a todos incomoda mais ainda.

Acho mesmo que existe muito mais entre o céu e a terra do que se pode supor, mesmo para pessoas que como eu gostam de descobrir, e digo mais: MELHOR ASSIM!

Já pensou se soubéssemos tudo, de uma vez? Se tudo nos fosse revelado? Que caos seria! Quem é que se acha tão superior assim, acreditando conhecer todas as complexidades da existência? Eu não conheço e não me condeno por isso. O véu que encobre as verdades do universo é retirado aos poucos e apenas na hora certa. É preciso busca sincera e humildade, além de paciência.

Tive a oportunidade de falar sobre humildade nas últimas semanas e acredito ser ela a responsável pelo aprendizado. Sendo humilde ganhamos a chance de aprender o que o outro tem a nos ensinar conscientes de que não somos melhores do que ninguém, que todos estão na mesma estrada... Quem ostenta conhecimento fecha os olhos para o crescimento pessoal. O importante é saber filtrar. (nossa... até me lembrei de uma situação que instruí muito "filtra tudo!" rs) Absorver apenas o que é relevante. Deixar o resto pra lá... Não se deve perder tempo com bobagens.

Nem precisamos falar só das verdades universais... As verdades pessoais também são alvo dos meus questionamentos e da minha vontade de conhecer. A diferença entre as pessoas é, no mínimo, fascinante. Se não fosse assim, não se completariam. Se poucos são os que podem dizer que se conhecem, imagine conhecer ao outro! É outro mundo! O outro é um universo de possibilidades.

Imagine se tivéssemos legenda? Se pensássemos e as letrinhas indiscretas saltassem abaixo do nosso rosto contanto ao mundo tudo que pensamos ou sentimos? Seria o fim! Certeza! Boa mesmo é a descoberta natural e interessada. Isso é gratificante. Observar o outro com tanto cuidado e descobrir um outro universo. O difícil é aceitar, não é? Aí já é dom - o dom de aceitar o outro como é.

A vida não me deixa quieta um minutinho siquer. Me cutuca mesmo. Cada dia é uma provação. Cada momento uma descoberta. Até quando não quero, realidades diferentes invadem meu universo e sou obrigada a questionar, refletir, repensar e filtrar... construir, destruir e reconstruir conceitos. Tudo fica do avesso até que consigo encaixar as peças e descobrir porquê passei por isso ou por aquilo. Sempre descubro.



O que me intriga são as minhas reações...

Meu pedido mais querido é sempre por sabedoria, por entendimento. É o que peço cada vez que fecho meus olhos em prece. Hoje redobro meu pedido... Nunca precisei de tanta sabedoria e tanto entendimento.

[ Não consigo ser muito específica ainda, pois não juntei todas as peças... Poucos entenderão esse post. Registro apenas minha humilde consciência do quanto há para aprender sobre a vida, o universo e as pessoas. ]

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

O mundo gira!


O que acho mais fantástico no mundo é que ele gira. Dá voltas completas, muitas vezes. Como numa montanha-russa, ora você está lá encima, ora lá embaixo.

Costumo repetir:

"Calma... O mundo vai girar... E quando girar... hummmm..."

Não é por vingança, nem nada assim. É pela certeza de que as coisas mudam, as necessidades e as relações também.

Gosto de vê-lo girar...

Digo sempre que sou a "ovelha negra da família". A crítica ao meu modo de cuidar dos outros sempre foi ferrenha. Não é diferente hoje, mas me "divirto" ao observar o que a vida me dá de oportunidades de colher o que plantei.

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Exemplo...

Aos 18 anos (e 1 dia) tirei minha carteira de motorista. Desde criança sonhava com o momento de dirigir. Está no sangue... É fascínio. Tive a alegria de ter um carrinho pra ir e vir nos primeiros anos, meu Gol "caixinha" (aquele antigo, quadradinho, lembra? rs). Sempre que podia, dava carona, fazia uso das quatro abençoadas rodas para levar meus amigos pra cima e pra baixo, apesar de saber que ouviria horrores em casa pela "boa ação". E ouvia! Sempre! rs O que nunca me impediu e nem me mudou.

Pois é... Os anos passaram (correndo, inclusive) e eu fiquei um bocado de tempo sem carro. O mundo girou.

Não foram as mesmas pessoas, mas outras, tão amigas e tão queridas, me ajudaram a ir e vir de onde quer que fosse (em 99,99% dos casos...rs). Me sentia até constrangida porque é ruim "depender" de outras pessoas, mas sabia que faziam por amor a mim... Via o povo se organizando... "Quem vai levar a Ana?".

Foram anos assim... E... o mundo girou denovo!

E hoje eu posso ter a alegria "dar uma caroninha" para as pessoas que amo novamente... e com tanta alegria no coração! Tanta!

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Hoje você pode ser mesquinho e amanhã precisar que alguém seja desprendido.
...Você pode ignorar a necessidade de um amigo e amanhã almejar que alguém te observe o suficiente pra te ajudar sem que você precise dizer nada...
Hoje você pode trair e amanhã desejar que alguém realmente te ame e não te troque por ninguém e nada no mundo.
...Você pode negar perdão e amanhã implorar por ele.
Hoje você pode ser irresponsável com sua própria vida por mera diversão e amanhã notar que perdeu todas as oportunidades de ser feliz e completo.
...Você pode negar seu amor e amanhã descobrir que não tem amor pra colher.


Tem tanta coisa importante na vida... E não é o dinheiro, nem o carro, nem a casa, nem as formalidades de um casamento. Isso tudo vai embora, mais dia ou menos dia. O que importa é o amor verdadeiro, a amizade, a fidelidade, a sinceridade. O resto é resto.

Qual é seu sentimento ao pensar que o mundo gira?