Ana... na real!: Perfeita? Não... Nunca...

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Perfeita? Não... Nunca...

Fico me perguntando onde começou esse lance de corresponder às expectativas perfeitas dos outros... Não consigo me lembrar exatamente o que despertou essa necessidade em mim. Será que a busca por perfeição nasceu sozinha?

Estou me deliciando na leitura simples de um dos livros do Augusto Cury, A Ditadura da Beleza, e acho que tem um pouco de relação com isso. Não fala só da nossa busca irracional pela beleza, mas pela perfeição imposta pela sociedade, pelos pais, pelos meios de comunicação; busca que faz de milhares de pessoas prisioneiras de um padrão inatingível, cultivando depressão, frustração, vergonha.

Se puxar um pouquinho de nada a memória, me vejo num ambiente de aparências, onde eu era "endeusada", tinha que ser a melhor, perfeita, acima dos demais, exemplo para homens e mulheres, para crianças e adultos... Praticamente divina! Agora... na boa... onde eu estava com a cabeça quando deixei que esperassem isso de mim???

Em outro livro fantástico, e bem menos simples, Quando Nietzsche Chorou, me deparei com o tema do trauma com uma visão mais madura e repensei minha história. Penso que as pessoas que partilham o crescimento de uma criança, deveriam se preocupar mais com as consequências de seus atos, de suas atitudes. Algumas fatalidades são impossível de impedir, mas outras... bem mais sutis e, aparentemente, inofensivas... podem minar a vida de alguém! Isso é sério!

Meus pais não foram irresponsáveis. Não é isso. Fizeram o melhor de si, mesmo que não tenha sido o melhor. Se esforçaram, cada um com sua limitação e história própria. Só que o resultado de tantas cobranças, de tantas expectativas, acabaram por tirar de mim o poder de viver livremente, de descobrir meus próprios limites e respeitá-los, de ter auto confiança, de viver com leveza.

Para uma criança é complicado encarar responsabilidades sérias como adulta e agir diante das mazelas da vida como se fossem situações normais. Não são, sabe? Para que fingir que está tudo bem? Por que não encarar de frente os problemas e chamá-los pelos seus nomes corretos no lugar de jogar aos pés de uma criança assustada a responsabilidade de maquiar a vida e dizer que está "tudo bem"?

Só que me fizeram acreditar que eu sou mais forte do que tudo, que nada me afeta, que nada me derruba e que nada nesta vida pode me abalar. Acreditei. Pior que acreditei durante quase toda a minha vida. Então... Agi sempre como se tudo estivesse bem e "passei" por cima de coisas que poucas pessoas seriam capazes de passar. E ainda passei sorrindo, fazendo com que as pessoas se sentissem felizes, preocupada com a luz na vida dos que estavam ao meu redor, sem me preocupar comigo. Afinal, para quê? Não estou acima de tudo?

O que julgo melhor de tudo isso é que aprendi a agir e não reagir. Isso sim considero positivo... agir e não reagir. Agir como acredito ser certo, mesmo que ninguém concorde, mesmo que as atitudes dos outros para comigo não sejam corretas. Assim criei um princípio meu, só meu. Meu jeito de encarar os outros e a vida. Esse é o meu budô, esse é o espírito de luta com o qual impregnei minha vida.

Agora me vejo com uma nova missão: aprender a não ser perfeita aos olhos das pessoas que amo e ser feliz assim, imperfeita.

Amo as pessoas e elas não são perfeitas... Por que isso não pode acontecer comigo também? Eu tenho direito de errar, de não estar 100% o tempo todo, de não ser a melhor, de não ser a mais bonita - mesmo porque minha beleza é muito diferente da beleza da maioria -, de não ser a mais esperta, nem a mais bem sucedida. Eu tenho direito de ser gente como todo mundo!

Preciso aprender a lidar com as minhas fraquezas - elas existem, pode parecer que não, mais existem e estão diante de mim sempre!

Certa noite, uma amiga me pegou chorando no vestiário. Ficou chocada! Não porque eu estava triste, mas porque eu, justo eu, estava chorando! "Como pode isso? A Ana chorando? Ela é a mais forte de todas e está chorando? Que desgraça deve ter acontecido?"... E eu estava apenas triste demais para segurar as lágrimas até chegar no meu travesseiro... Ah... se meu travesseiro falasse...

É uma missão difícil e nem sei se conseguirei alcançá-la, mas preciso aprender a me enxergar sem as lentes de aumento das pessoas que acreditam que sou diferente delas... Mesmo porque a culpa é minha de ter permitido isso, de ter acreditado nisso. Creio que serei mais feliz, mais leve, mais plena quando isso acontecer...

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