Ana... na real!: Sussuros da Alma

domingo, 1 de novembro de 2009

Sussuros da Alma

Vivi uma noite chocante, em muitos aspectos. Desde o início da tarde, a animação tomou conta de tudo e a festa acabou depois da meia noite. Lógico que perdi todas as chances de voltar pra casa, já que estava do outro lado do mundo e não tinha nem como atravessar a cidade com o corpo moído de cansaço e os olhos fechando de sono. Fiquei.

Depois que os demais convidados da festa foram embora, um a um, ficamos conversando. Eu e os donos da casa onde a festa aconteceu. O papo não tinha fim! Mesmo exaustos, emendávamos um assunto no outro. A mãe da família não aguentou e foi dormir. Ficamos apenas eu, o pai e o irmão do meu amigo, em um dos cômodos que mais gosto de conversar: a cozinha. As horas passando e os temas mais profundos, mais carregados de filosofias, de crenças. Até o nosso tom tornava-se mais solene a cada minuto. Às vezes, pareciam sussuros da alma.

Descobri-me conversando com uma pessoa diferente de mim, que tinha um outro ponto de vista sobre a existência. Gosto de ouvir. Tenho prazer em exercitar essa capacidade, mesmo em situações adversas. Chegamos ao ápice quando ele abaixou a cabeça e parou de falar por vários minutos. O silêncio era pesado, ansioso. Sabia que alguma coisa inesperada estava acontecendo ali, inédita apenas para mim. Ele mudou completamente. Foi tomado por algo fora dele. Falava com clareza, mas em uma linguagem que desconheço. Levantou-se, contorceu-se. Estava inquieto e o sentimento não era bom.

Diferente do que pareceria normal, não tive medo. Sempre pensei como reagiria se um dia tivesse real contato com uma situação dessa, que conhecia apenas por relatos, em literaturas gerais e religiosas. Estava certa ao pensar que não me renderia ao pânico, porém guardava dúvidas a respeito. Só vivenciando descobrimos as reações que nos dominam.

Uma tranquilidade muito grande tomou conta de mim. Analisava cada comportamento, preocupada com ele, não com o que estava acontecendo ali na minha frente. Fiz o correto: orei. Orei sem medo e com segurança. Ele me tocava, segurava minha mão, dizia muitas coisas incompreensíveis, me olhava, me dava ordens para sentar, para levantar, para me ajoelhar. Fiquei firme e mostrei que não me controlaria. Mudei o jogo. Mesmo não sendo totalmente obedecida, o controlei. Ele entendia que não me faria dobrar. Orei e cuidei dele até voltar à consciência. Foram cerca de trinta minutos de uma experiência fora do comum, onde permaneci como pilar de força de uma família que não é a minha. Passou, acabou e tudo voltou ao normal, como se não tivesse acontecido, tanto para mim quanto para ele. Acho mesmo que ele não sabe o que houve.

Meu conhecimento e minha religiosidade são mais fortes do que poderia supor. Minhas certezas e a base do meu pensamento são inabaláveis. O ambiente não me modifica.

...Nos momentos extremos lembramos do que somos feitos!

Agradeço muito a Deus a proteção e as lições que me dá nesta vida.

4 comentários:

  1. Ana,
    Através do seu texto você nos convida a vivenciar seu ato de coragem.
    Você é uma pessoa de fibra e muita coragem, afinal ter coragem é ter consciência do desafio e estar disposto a caminhar nessa direção.
    Um beijo,
    Anderson Cavalcante

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  2. Obrigada, Anderson... Foi mesmo uma experiência muito forte e estou feliz por ter permanecido firme...
    A gente sempre aprender quando encara os desafios, não é?

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  3. "Pois os que são segundo a carne inclinam-se para as coisas da carne; mas os que são segundo o Espírito para as coisas do Espírito. Porque a inclinação da carne é morte; mas a inclinação do Espírito é vida e paz... Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se é que o Espírito de Deus habita em vós. Mas, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele."

    Romanos 8:5-6,9

    Quando nascemos com Jesus Cristo no coração, nada nos afastará dele. Você sempre foi abençoada. Pense nisso.

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  4. Penso sim e sempre, Thi!
    Obrigada...

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