Ana... na real!: Um dia em Sampa

sábado, 6 de março de 2010

Um dia em Sampa

São Paulo é uma cidade, no mínimo, curiosa. Aqui tem gosto pra tudo. Não importa se sua certidão de nascimento te torna um paulistano, importa apenas que aqui todas as pessoas encontram seu nicho, seus lugares, seus cantos e encantos. Tanto é verdade que nossa Cidade da Garoa está empanturrada de gente! (o ponto negativo de tudo isso, claro!)

Cada uma de nossas esquinas contam histórias do mundo todo, mesmo as mais simples. Imagine as famosas, como a Ipiranga com a São João, cantada até em nossa música (nem tão) popular!

Com tanta exuberância e glamour, Sampa parece exigir muitos dos maravilhados cidadãos. Os desavisados ou desatentos pensam que somente com dinheiro, e muito dele, para aproveitar tantas opções. De certa forma, até é verdade, principalmente se a busca for por luxo, conforto e status, mas... se não for, prepare-se! São Paulo é a cidade das opções!

Se me permite uma única sugestão... O principal para iniciar a maratona por nossas avenidas, ruas e vielas é ter uma boa companhia! Isso sim não tem preço e nem todo o dinheiro do mundo é capaz de bancar. Companhia garantida e coração aberto para viver sem frescuras são os ingredientes essenciais. Lógico que se você descolar um "bilhete único" e uns trocados os pés agradecem! rs

Como filha dos encantos paulistanos, me dou ao direito de contar o melhor dos roteiros, num dia perdido no meio do carnaval, com uma tranquilidade surreal.

Primeiro passo: Metrô!

Já prestou atenção no metrô? É... Já olhou para as pessoas e observou suas emoções? São pessoas, não figurantes, sabia? Cada um ali tem uma vida, uma história, às vezes, até mais interessante que a sua! Posso dizer que no metrô vivi esse dia com tanta alegria que merecia um livro todinho e, o mais legal, é que só nós dois sabíamos... um momento só nosso. O anonimato chega a ser instigante...

Gosto de praticar a observação... Aprendo muito, e admito que depois desse dia me tornei ainda mais atenta, mais fascinada com a capacidade humana de se expressar, de demonstrar o que sente. Fico olhando e imaginando as milhares de momentos reunidos em um único trem... Assim como eu, naquele dia, tinha meu momento... Bom pensar isso! A gente valoriza mais o espaço dos outros.

Nosso metrô é um show à parte, suas estruturas, sua diversidade, sua gente. Aqui vale (quase) tudo: dormir, comer, se arrumar e, certamente, divagar, refletir, até chorar. Rir, cochichar confidências, brincar, namorar, beijar (discretamente, claro, pra não provocar a imaginação alheia - rs). Muitas vezes, a diversão começa ali... Lógico que conforto não é o forte do ambiente, mas sempre há algo de bom pra retirar da situação.

Segundo passo: Passeio cultural no Memorial da América Latina.

Tudo bem que a intenção era ver a Taça da Copa do Mundo e esquecemos do detalhe de conferir a data da exposição. Detalhe... rs... Mas o passeio é sempre valioso por lá. Você se sente tão pequeno ali naquele pátio amplo, naqueles salões de pé direito alto, entre aquelas peças de arte moderna simplesmente fantásticas, mergulhados no silêncio de reverência à arte. Só que ainda acho bem mais divertidos os comentários inevitáveis diante das obras mais estranhas do mundo... (Lógico que você não deve arriscar dizer nada se não estiver com a melhor das companhias, viu? Vai que o indivíduo se escandaliza com seus sacrilégios! rs)

Olha... a manhã estava linda demais, uma luz natural divina e um calor dos infernos!!! Ou seja... ou nos hidratávamos bem ou um desmaiava rapidinho no asfalto estalando. O próximo passou ficou óbvio: BEBIDA!

Pensa que nos deixamos levar por qualquer refrigereco dos camelôs do centro da cidade? Que nada! Nossa bebida estava em lugar marcado, já definido e tão esperado. Uma casa de sucos no meio do centro, perto do metrô República, uma quadra, nem isso. Pensa num corredorzinho perdido entre tantos prédios, com frutas para tudo que é lado, e aquele povo que fala tão rápido que você acha sinceramente que é outra língua, ali do seu lado tomando um suco natural que chega a ser indecente de tão bom. Ah! Não é um copo de suco, é uma jarra! Tem que ser bom de gole. rs

Além da delícia natural dos sucos, basta esticar um pouquinho o ouvido pra ter um verdadeiro ataque de risos! Olha o papo...

Um homem do nosso lado, com um menino de seus quatro anos sentado no balcão conversando com o outro, funcionário do lugar. Do nada uma frase num dialeto qualquer desse país de meu Deus:

- Zé, é seu filho?
- Não. É seu. Tô cuidando dele enquanto você trabalha.


Pensa! M-O-R-R-E-M-O-S DE RIR! Engasgar ali era até vantagem diante da resposta original do colega de suco. rs O outro nem respondeu nada depois dessa, né? Mesmo porque estávamos vermelhos na tentativa fracassada de esconder a gargalhada e ninguém mais sabia como agir. Engolimos o restante das nossas jarras e bora pra rua!

Próximo passo (depois de muitos passos): Avenida Paulista

Tem avenida mais gostosa de andar do que a Paulista? Hum... Duvido, viu... Tem de gente engravatada até os bichos-grilo espalhados. O clima é diferente por lá... O tempo nem passa direito. Naquele dia não foi diferente... ao contrário... Se não fossem os pés sinalizarem que estava na hora de parar, teríamos andado mais ainda. A sorte foi a última parada estar próxima: LIVRARIA CULTURA do Conjunto Nacional.

Quem já passeou por suas prateleiras sabe o que estou dizendo... É um mundo à parte. Nem combina com o restante. Uma "Terra do Nunca" para quem sabe o valor de um bom livro e o prazer escondido em cada página. Estou sempre lá... Certamente a livraria que mais gosto. Só que foi a primeira vez que compartilhei essa sensação... que curti aquele lugar... daquele jeito. Ganhou outro significado, confesso.

...ufa... Que dia maravilhoso!

Não disse que em boa companhia, com um toque único de bom humor e desprendimento, essa cidade vira um fascínio?! É diversão garantida. Este foi só um dia... Outros dias contam outras histórias... Como cada um tem a sua, tenho as minhas e faço questão de cuidar bem delas... É minha forma de marcar minha estrada com coisas eternas. E você? Já tentou fazer o mesmo? Felicidade custa pouco e está nos momentos e em mais nada. Experimente... garanto que vale a pena!

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